Robeyoncé Lima, uma travesti negra que concorre ao Congresso pelo estado de Pernambuco, no Nordeste, sabe como é difícil vencer os obstáculos. Esta é sua segunda campanha eleitoral como candidata pelo PSOL. A candidata está convencida de que muitas mulheres como ela se afastam da política por medo da violência. “Somos visíveis e lutamos por espaços de poder, o que incomoda muita gente da velha política”, diz Lima.
Os partidos políticos que lançam candidatas negras e LGBTQI+ devem investir em sua segurança física e emocional tanto durante a campanha quanto durante o exercício do mandato, acrescenta. “Para fazer política, temos que estar vivas”, disse Lima ao openDemocracy.
Neste ano, a lei também foi alterada para conferir aos partidos uma maior parcela do fundo eleitoral nas próximas eleições, com base no número de votos recebidos por suas/seus candidatas/os negras/os e mulheres.
Lima integra uma rede informal de apoio com outras mulheres trans e travestis. Contudo, a proteção que essa rede pode proporcinar é limitada. “Precisamos do apoio dos partidos políticos e da sociedade como um todo”, diz.
Mittelbach também conta com uma equipe de voluntárias/os que ajudam na captação de recursos, logística e comunicação. Organizações não governamentais como o Instituto Marielle Franco e o Mulheres Negras Decidem ajudaram a idealizar e lançar sua campanha.
Mas, na maioria das vezes, as campanhas das mulheres negras são feitas com pouco dinheiro e recursos limitados. Em 2022, elas recorrem às campanhas de financiamento coletivo, principalmente de comunidades negras pobres. Além disso, as candidatas negras recorrem às mídias sociais para compensar seu acesso e exposição limitados na mídia convencional. A campanha de Lima nas redes sociais, por exemplo, aposta principalmente no Instagram – e se tornou uma das dez mais influentes das eleições deste ano.
“Existem barreiras, mas nada é impossível”, diz Lima.
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