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"As ciências sociais e as humanidades não são um luxo": Manifesto contra cortes de verbas para Ciências Humanas no Brasil

Mais de mil acadêmicos de universidades de todo o mundo assinaram nesta segunda-feira um manifesto contra a eventual redução de recursos para as faculdades de Ciências Humanas. Español. English.

Achille Mbembe The Gender International Etienne Balibar Seyla Benhabib
8 Maio 2019, 12.01
Uma manifestação é realizada em frente ao Colégio Militar do Rio de Janeiro contra corte de verbas na educação. Foto: @claudianeo. Todos os direitos reservados.

No dia 29 de abril de 2019, o presidente da República do Brasil, Jair Bolsonaro, confirmou por Twitter o que no dia anterior já havia anunciado o Ministro da Educação, Abraham Weintraub: seu governo planeja reduzir o financiamento federal para programas acadêmicos em sociologia e filosofia.

Segundo eles, nesses campos, futuros estudantes terão que pagar por sua própria formação. Enquanto o Ministro afirmava que sua proposta havia sido orientada por medidas tomadas no Japão em 2015, o Presidente insistia que a educação deve se concentrar na leitura, na redação e na aritmética e que, em lugar dos cursos na área de humanidades, o Estado deve investir nas áreas que tragam retornos imediatos para quem paga impostos, tais como veterinária, engenharia e medicina.

Nós, signatários dessa declaração, fazemos um alerta quanto às sérias consequências de tais medidas que, inclusive, levaram o governo do Japão a recuar de suas propostas depois de um amplo protesto nacional e internacional.

Em primeiro lugar, por que a educação em geral e a educação superior, em particular, não trazem retornos imediatos; constituem um investimento no futuro das novas gerações.

Segundo, as economias modernas não exigem apenas técnicos especializados; nossas sociedades precisam de cidadãs e cidadãos que tenham uma formação ampla e geral.

Terceiro, nas nossas sociedades democráticas, os políticos não devem decidir o que é a boa ou a má ciência. A avaliação do conhecimento e de sua utilidade não pode ser conduzida de modo a conformar- se com as ideologias de quem está no poder.

As ciências sociais e as humanidades não são um luxo; pensar sobre o mundo e compreender nossas sociedades não devem ser privilégio dos mais ricos.

Como acadêmicos dos mais diversos campos, estamos plenamente convencidos que nossas sociedades, incluindo o Brasil, precisam de mais e não menos educação. A inteligência coletiva é tanto um recurso econômico quanto um valor democrático.

Assinam:

Judith Butler (UC Berkeley)

Étienne Balibar (Paris-Nanterre)

Seyla Benhabib (Yale U.)

Michel Bozon (INED)

Wendy Brown (UC Berkeley)

Sonia Correa (Sexuality Policy Watch)

Éric Fassin (Paris 8),

Zeynep Gambetti (U. Bogazici, Istanbul),

Agnieszka Graff (U. of Warsaw)

Maria Filomena Gregori (UNICAMP, São Paulo, President of the Brazilian Anthropological Association, ABA)

Catherine Malabou ( Kingston U., London)

Achille Mbembe, (U. of Witwatersrand)

Richard Miskolci (UNIFESP, São Paulo)

Pippa Norris (Harvard University, Cambridge, Mass.)

Larissa Pelucio (UNESP, São Paulo)

José Ignacio Pichardo (U. Complutense, Madrid)

Gita Sen (Bangalore)

Mara Viveros Vigoya (U. of Colombia in Bogota).

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