A crise de Covid-19 jogou o mundo de pernas para o ar, mas as consequência e cicatrizes que virão não serão tão democráticas quanto o escopo do vírus.
Todos os países afetados pela pandemia do novo coronavírus sofrerão grandes baques econômicos, pondo à prova suas instituições de forma, para muitos, sem precedentes.
Para o Brasil atual, o novo vírus vai, ou sedimentar o caos, ou nos ensinar uma grande lição. Uma coisa é certa: a crise está mostrando que a promessa neoliberal que levou Jair Bolsonaro à presidência não é a solução para o futuro.
Por essa o Brasil não esperava. Entre os 58 milhões de brasileiros que votaram em Bolsonaro, uma grande parcela afirmou ter feito vista grossa a seu racismo, machismo, homofobia em nome de Paulo Guedes. Guedes, o neoliberal “Chicago boy”, discípulo de Milton Friedman, foi a aposta das elites brasileiras e mundiais para tirar o país da recessão.
Talvez a primeira lição tenha vindo no começo de março, quando o IBGE divulgou que o Brasil cresceu apenas 1% no ano passado, o equivalente ao crescimento de 2017 e 2018. Guedes deu suas justificativas, disse que o crescimento baixo era parte do plano, e culpou a incapacidade do Congresso de aprovar reformas econômicas.
Já Bolsonaro trouxe um humorista para dar entrevista aos jornalistas que queriam que o presidente comentasse o crescimento baixo. Enquanto os profissionais dirigiam perguntas ao presidente, o humorista lhes estendia bananas.
A promessa neoliberal não parecia mais tão promissora assim. Mas ainda era melhor que o PT, não é mesmo? Até que os casos de Covid-19 começam a explodir na Itália em meados de fevereiro. No dia 26 daquele mês, o Brasil registou o primeiro caso oficial da doença.