Na realidade, deixar as decisões importantes “para o mercado” significa deixá-las para as grandes empresas. Mas essas decisões são de natureza profundamente política: o que a sociedade deve fazer, para quem e como? Quem deve obter esses produtos e serviços e em que condições?
A concentração corporativa concede às grandes empresas influência política descomunal e o lobby lhes permite criar regras para exacerbar seu poder. Por exemplo, monopólios de propriedade intelectual ou políticas fiscais para reduzir as obrigações fiscais.
O ativista anticorrupção Zephyr Teachout acredita que a privatização dessas decisões políticas e o poder de governo concedido às corporações não apenas torna a corrupção mais provável, mas é a própria corrupção.
A resposta de Biden ao problema do poder monopolista é inadequada, mas este é um momento com enorme potencial de mudança positiva. Nossa economia pode ser reformulada no interesse público mobilizando um amplo movimento contra os monopólios, aos quais as pessoas são mais hostis do que, digamos, o livre mercado.
Dentro desse movimento, existem diferentes escolas de pensamento.
Alguns, como o Balanced Economy Project, estão colocando seus esforços em um trabalho antitruste radical, desfazendo os cartéis, evitando fusões e reinventando a política de concorrência.
Outros querem pressionar pela nacionalização dos monopólios naturais, transformar as regras comerciais globais que mantêm esses monopólios em vigor (pense no enfrentamento da People's Vaccine aos monopólios de medicamentos) ou promover meios alternativos de organização da sociedade, como o inspirador movimento de soberania alimentar.
Outros ainda querem enfrentar os monopólios individuais reunindo diferentes grupos de interesse, como no Make Amazon Pay. E em nível local, nos Estados Unidos, há dezenas de exemplos de iniciativas de combate às grandes empresas. Dakota do Norte tem lutado para manter um setor bancário local e 39% do orçamento de compras de Cleveland foi transferido para empresas locais.
O importante é nos vermos, em qualquer trabalho que fizermos, como parte da luta para transformar nossa economia, reconhecendo que o capitalismo monopolista não pode ser derrotado por um único método.
O capitalismo monopolista mudou o poder de 99% para 1% e minou nossa democracia, tornando mais difícil enfrentar nossa crise mais existencial – a mudança climática. Somente recuperando, quebrando, descentralizando e dispersando esse poder, poderemos esperar tomar decisões democráticas de interesse público.
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