A deputada tucana encampou a ideia defendida pelos moradores da Resex que transformaram seus seringais em grandes fazendas de gado, e por isso respondem a processos: fazer com que as áreas já desmatadas deixem de fazer parte da reserva extrativista, passando para uma categoria que, de preferência, seus donos não sejam incomodados pelos fiscais do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Os ex-extrativistas e agora fazendeiros dizem que suas propriedades já eram agropecuárias antes de a região ser transformada numa unidade de proteção, em março de 1990. Este é o argumento usado por Mara Rocha para defender a revisão do tamanho da Resex Chico Mendes; atualmente são 970 mil hectares.
“Muito antes da sua criação, a área que hoje compreende a Resex Chico Mendes sempre teve a presença de pequenos produtores rurais, que ali tinham suas terras regulares, já cultivavam pequenas plantações, criavam rebanhos de gado, e essas famílias não conseguem encontrar sustento nos produtos extrativistas da região e encontram barreiras para permanecer nas atividades em que sempre laboraram”, diz a parlamentar.
O ICMBio também passou a ser alvo da deputada. Após ouvir as queixas de pessoas que passaram a ocupar de forma ilegal as terras da reserva e foram convidadas a se retirar, Mara Rocha procurou o presidente do órgão, o coronel Homero Cerqueira, para relatar possíveis abusos cometidos pelos fiscais dentro da Resex Chico Mendes.
Entre estas ações está (justamente) a retirada de pessoas que invadiram a unidade de proteção, e lá dentro colocaram boi. Ou seja, a deputada tenta criminalizar os fiscais que cumprem com a sua missão institucional. Vale ressaltar que todas estas ações realizadas pelo ICMBIo ocorreram a partir do cumprimento de mandados judiciais, tendo o respaldo do Ministério Público Federal.
Em sua justificativa, Mara Rocha afirma ter vídeos e fotos que retratariam o suposto abuso de autoridade cometidos pelos agentes do ICMBio.
“Compreendo que os servidores públicos têm poder de tutela, mas isso não dá a eles o poder de ferir o direito à ampla defesa e, principalmente, não dá o poder de ferir o princípio da dignidade humana, base da nossa Constituição", afirma.
Uma riqueza ameaçada
Outro alvo da parlamentar tucana - e parece que os tucanos vão ficar sem floresta - é o Parque Nacional da Serra do Divisor, no Vale do Juruá. Como venho escrevendo no Blog, a unidade já há algum tempo é alvo da cobiça dos atuais políticos acreanos. O principal objetivo é construir uma rodovia que passaria por dentro dela, numa das regiões mais bem preservadas da Amazônia.
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