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Por que América Latina é uma incubadora de inovação política

O mundo pode olhar para a América Latina como fonte de inspiração sobre como os cidadãos podem reivindicar e promover a democracia. Español, English

Caio Tendolini
12 Fevereiro 2018
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Participantes no Encontro Latinoamericano de Inovação Democrática en Pasto, Nariño, colombia, Janeiro 2018.

Ao longo da última década, a confiança nas instituições políticas diminuiu em todo o mundo. Em muitos países, a política aparentemente se tornou uma competição entre uma "elite" interessada contra todos os outros. E, como a convicção de que as "elites" não representam os interesses do "povo" tornou-se cada vez mais difundida, dois caminhos alternativos para se manifestaram.

 Depois de anos de governo autoritários em muitos países, uma onda de inovação política está se espalhando por toda a América Latina, uma onda que se conecta com a alternativa política de confiança e colaboração.

Um deles está enraizado no populismo e é representada pela construção de paredes, tanto literais quanto figurativas. A outra forma é inclusiva e baseada em colaboração e confiança.

No Instituto Update, nosso objetivo é ajudar as pessoas a escolher o caminho inclusivo, promovendo a colaboração e reconstruindo a confiança entre os cidadãos e seus governos.

Depois de anos de governo autoritários em muitos países, uma onda de inovação política está se espalhando por toda a América Latina, uma onda que se conecta com a alternativa política de confiança e colaboração.

Um modelo de governança do século XX está dando lugar, lenta mas seguramente, à práticas mais participativas e inclusivas no século XXI. Os cidadãos e os governos da América Latina não precisam mais depender de tendências e referências nos Estados Unidos e na Europa.

O mundo pode olhar para a América Latina como fonte de inspiração sobre como os cidadãos podem recuperar e promover a democracia. Pode olhar pois nesta região não basta apenas buscar adensar a democracia, mas também construir processos capazes de atacar diretamente os problemas mais enraizados na região, tais como a desigualdade econômica, a injustiça social, a corrupção, o racismo, o sexismo e a degradação ambiental.

Um modelo de governança do século XX está dando lugar, lenta mas seguramente, à práticas mais participativas e inclusivas no século XXI. 

O Instituto Update realizou uma pesquisa na América Latina e descobriu mais de 600 iniciativas, que visam diminuir a distância entre os cidadãos e os governos, aumentando a participação política, melhorando a transparência e a responsabilização, incentivando a inovação no governo e trabalhando com mais força para desenvolver meios de comunicação independentes.

Também entrevistámos quase 300 ativistas, líderes da sociedade civil, políticos e acadêmicos trabalhando para melhorar a política e a governança. Um dos resultados deste projeto foi série de televisão de quatro episódios chamada Política :modo de usar, que foi ao ar em novembro de 2017 na GloboNews, o maior canal de notícias do Brasil.

Com base nas entrevistas, descobrimos cinco tendências principais de inovação política na América Latina, que experimentando e implementando novas ferramentas e métodos para aumentar a participação política e a confiança no governo e no processo político.

Em primeiro lugar, os cidadãos se comprometeram a promover a mudança social. De protestos como o movimento Secundarista no Brasil, onde os alunos avançaram para reformas educacionais nas escolas públicas de ensino médio em São Paulo (o movimento depois se espalhou por Brasil), para #YoSoy132 no México, onde os estudantes protestaram contra a corrupção política durante as eleições de 2012, os cidadãos estão a desenvolver inovadoras formas de mobilização de recursos e colocar pressão sobre funcionários e burocratas eleitos para olhar para mudanças nas formas de políticas públicas.

Segundo, os ativistas políticos estão descobrindo novas e melhores maneiras de explicar aos cidadãos assuntos políticos complexos. Dos movimentos feministas latino-americanos que exigem direitos reprodutivos e chamam a atenção para a questão da violência doméstica: #PrimaveraFeminista e #NiUnaMenos, até o Pimp My Carroça, uma organização brasileira que usa arte de rua para dar visibilidade aos catadores de materiais recicláveis, e o GregNews , um programa de notícias satíricas, ativistas e organizações estão usando redes sociais e humor para aproximar os cidadãos dos problemas de interesse público.

Terceiro, os funcionários eleitos estão fazendo um esforço para tornar as instituições mais participativa e inclusiva. Esforços que vão desde DemocracyOS  (Argentina) e LinQ (Equador) ao Marco Civil da Internet no Brasil GANA (Colômbia) no governo do estado de Nariño, vemos significantes progressos na mobilização de pessoas, dando voz aos cidadãos no processo de formulação de políticas públicas.

Em quarto lugar, as organizações da sociedade civil vem combinando dados e tecnologias abertas para monitorar e responder a políticos e corporações. Grupos como A Quiénes Elegimos (no Paraguai), Chequeado (na Argentina) e Del Dicho al Hecho (em Chile) eles usam ferramentas on-line bem desenvolvidas e protestos públicos bem organizados para insistir na transparência, exigindo-o mesmo de seus próprios seguidores no governo.

E, dado que é um ano de eleições, continuaremos focando em novas e inovadoras formas de melhorar a participação política. 

E, finalmente, há um reconhecimento de que a política na América Latina precisa novas vozes e novas pessoas para superar a crise de representação. Hoje, movimentos como WikiPolitica do México e Bancada Ativista no Brasil, bem como novos partidos políticos como Revolución Democrática do Chile e Partido de la Red na Argentina estão trabalhando para tornar a política acessível, fresca e honorável para uma nova geração de ativistas.

Parte da esforço de Instituto Update é promover conexões entre cidadãos e instituições públicas. Junto com Democracia en Red, Asuntos del Sur, Avina y Ciudadano Inteligente, estamos construindo alianças regionais para conectar e trocar ideias e lições aprendidas sobre como melhorar a governança e a política em toda a América Latina. Tanto a Rede de Inovação Política como o CLIP (Conexões Latino-Americanas para a Inovação Política) são exemplos concretos desse esforço coletivo.

O Instituto Update continuará a promover esses esforços para democratizar a política latino-americana e melhorar a prestação de contas. Olhando para a frente, focaremos nossos esforços em expandir nosso trabalho para além de São Paulo e nas cidades do Brasil, com o objetivo de tornar nosso trabalho mais acessível a todos os cidadãos do Brasil.

E, dado que é um ano de eleições, continuaremos focando em novas e inovadoras formas de melhorar a participação política.   

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