Dito tudo isto, o contexto do crime que tirou a vida da legisladora e do seu motorista, não apenas trouxeram à tona questionamentos em torno ao andamento e do possível desfecho das investigações, como também colocam em xeque a legitimidade das autoridades frente ao caso.
Por outro lado e por detrás das perguntas: “Quem mandou matar Marielle Franco? E por quais motivos?”, há muito a sociedade brasileira busca desvendar também uma série de outros crimes que envolveram a execução sumária de vereadores e ativistas sociais.
Segundo uma matéria publicada na página web “Congresso em Foco”, por exemplo, foram registrados até março de 2018 (mês e ano de publicação da matéria, que coincidem com o assassinato de Marielle), ao menos 36 casos de Vereadores e Vereadoras mortos em um período de apenas 2 anos em todo o país. Tendo sido, em sua maioria, vítimas de disparos efetuados por armas de fogo.
Nesta mesma direção, também no ano passado, a Organização Não-Governamental britânica, Global Witness, publicou um informe no qual afirmava que o Brasil liderava o ranking mundial de assassinato de ativistas, em um segundo ano consecutivo, totalizando o número de 57 homicídios. E apesar dos recorrentes apelos realizados por instituições vinculadas às Nações Unidas (ONU), as autoridades brasileiras responsáveis pela apuração destes casos - em todas as suas instâncias - parecem estar de mãos atadas, não podendo garantir a segurança e a integridade física de militantes ameaçados, tampouco podendo avançar em linhas de investigação devido aos desenlaces políticos ou por se encontrarem simplesmente comprometidas com o envolvimento dos seus próprios agentes ou ex-agentes públicos nos crimes investigados. A maior mostra deste último exemplo se deu através de um desdobramento na investigação do próprio caso Marielle, quando agentes policiais chegaram a apreender 117 fuzis incompletos do tipo M-16, em posse de um amigo do ex-sgt da Polícia Militar, Ronie Lessa. O ex-sargento terminou assumindo a propriedade dos armamentos encontrados em uma entre as maiores apreensões de armas de fogo da História do Brasil.
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