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Indígenas explicam por que suas línguas estão desaparecendo

Cerca de 3000 idiomas estão em perigo de extinção ao redor do mundo. Español

Anette Eklund
2 Março 2020, 4.35
Yucatec Maya writing in the Dresden Codex, ca. 11–12th century, Chichen Itza
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Escrita maia yucateca no Código de Dresden, ca. Século 11-12, Chichen Itza

Cada idioma representa uma percepção específica da realidade. É a maneira pela qual as idéias, tradições, costumes, histórias e emoções de uma comunidade se materializam, de modo que conservá-las é de vital importância para preservar a identidade de seus indivíduos, de acordo com a Organização das Nações Unidas.

Hoje, porém, cerca de 3000 línguas estão em perigo de extinção ao redor do mundo.

Um exemplo é o idioma yagán, originária de uma tribo nômade da Patagônia, no extremo sul do Chile e da Argentina, que possui apenas um falante; ou o caso do México, onde mais de 64 idiomas diferentes estão em risco de morte.

Embora a situação ameace idiomas em todo o mundo, os dois continentes que correm maior risco de perder idiomas, no total, são a Europa e a América.

Los números son alarmantes: más de veinte lenguas europeas están por desaparecer; y países con mayor diversidad lingüística como México muestran cada vez más cerca la muerte de sus lenguas originarias, donde el 70 % de ellas está a punto de perecer.

Por que morrem as línguas?

As línguas morrem porque as condições em que as comunidades vivem não são favoráveis à prosperidade cultural, segundo linguistas e ativistas como a mexicana Yásnaya Elena Aguilar e a sueca Sofia Jannok. Jannok, em um discurso em Tedx Talks, explica os ataques constantes às comunidades:

"É assim que as coisas são para o meu povo e para todos os povos indígenas ao redor do mundo. Algumas grandes empresas dirigidas por pessoas cujo objetivo é dinheiro invadem nossas casas, nos forçam a mudar ou simplesmente se livrar de nós."

Países con mayor diversidad lingüística como México muestran cada vez más cerca la muerte de sus lenguas originarias, donde el 70 % de ellas está a punto de perecer

Cabe destacar que que muitos dos grupos indígenas do planeta denunciam a desapropriação de seus bens e a violação de seus direitos humanos. No México, o ambientalista Rarámuri Julián Carrillo, foi asesinado. O caso do assassinato de Berta Cáceres, indígena Lenca que se opôs à construção de um projeto hidrelétrico em Honduras, deu a volta ao mundo. Esses casos, que muitas vezes permanecem impunes, continuam ocorrendo: em 24 de fevereiro de 2020, um grupo armado matou um ativista indígena de Brörán na Costa Rica. Ativistas deploram a falta de reação dos governos.

Yásnaya Aguilar, a lingüista mexicana, disse frente à Câmara dos Deputados de seu país que:

"As línguas indígenas não morrem, o Estado mexicano as mata".

Em abril de 2019, Yásnaya escreveu seu discurso em espanhol para o Global Voices, que inclui "reflexões sobre o desaparecimento de línguas indígenas e sua estreita conexão com a perda de território".

Da mesma forma, a ONG Global Witness e vários ativistas internacionais, como a indígena sami Eva M. Fjellheim, apontou que o agronegócio e a mineração são as principais ações ligadas ao assassinato de líderes ambientais indígenas no mundo. A América Latina está no topo da lista de ataques. Fjellheim disse a Pikara magazine que:

"Nos últimos 10 ou 15 anos, a pressão aumentou muito no território e ainda mais interesse na exploração de recursos energéticos, percebemos que não temos nenhum direito real de nos proteger."

Por outro lado, há também aqueles que afirmam que uma parte relevante do problema é a discriminação que os povos indígenas enfrentam.

O escritor peruano de língua quíchua, Pablo Landeo, indicou na Feira Internacional do Livro de Lima em 2017 que:

"As estruturas sociais determinam a condição das línguas nativas e há tudo relacionado à discriminação e vergonha, à idéia de associá-las como ligadas ao passado e ao atraso."

O agronegócio e a mineração são as principais ações ligadas ao assassinato de líderes ambientais indígenas no mundo

A discriminação também abrange a pouca difusão e visibilidade que é dada às línguas nativas. Em muitos casos, como no México, existe pouca verba destinada para projetos de literatura e artes indígenas; e em países como a Suécia, é dada prioridade ao ensino de inglês, finlandês ou alemão como segunda língua sobre as línguas nativas.

Embora as regiões nórdicas como Suécia, Noruega e Finlândia estejam a milhares de quilômetros de países como México ou Peru, as duas têm uma semelhança marcante: a segregação cultural de suas línguas indígenas e a destruição de identidade e memória histórica de seus povos nativos.

Ao encerrar o Ano Internacional das Línguas Indígenas em 2019, as Nações Unidas declararam a Década Internacional das Línguas Indígenas, que começará em 2022, a fim de promover e revitalizar as línguas.

"Hoje, depois de concluir o #IYIL2019, a #AGNU adotou uma resolução sobre os direitos dos #PovosIndígenas, que inclui, entre outros, a proclamação da Década Internacional das #LínguasIndígenas para 2022-2032. Vamos seguir em frente! #SomosIndígenas. "

Este artigo foi publicado originalmente em espanhol pela Global Voices. Veja o conteúdo original aqui.

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