Quando chegou à cidade, não teve outra escolha a não ser trabalhar com comércio de rua. Ela e seus filhos costumam andar pelo centro de Bogotá vendendo o que lhes é enviado de Guajira. Mas com a pandemia, essa alternativa foi impossibilitada. Hoje, Claudia não sabe como vão sobreviver o restante da quarentena: "as poucas coisas que estávamos vendendo, mamita, estão aqui guardadas".
Com o início da quarentena nos países latino-americanos, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), promoveu o projeto de uma renda de emergência durante a quarentena, que no futuro poderia se tornar uma Renda Básica Universal. Com este projeto, a CEPAL projeta uma renda média de US$ 143 para aproximadamente 215 milhões de pessoas. Em uma entrevista ao El País, Alicia Bárcena, representante da CEPAL, disse que "o objetivo estratégico a longo prazo deve ser uma renda básica universal. Seria libertador: daria liberdade às pessoas de evitar situação precária de sobrevivência. E devemos avançar gradualmente em direção a ela".
Este debate chegou à Colômbia, impulsionado em grande parte pela oposição. Uma das representantes na Câmara, María José Pizarro, disse ao democraciaAbierta que "garantir uma renda básica para os colombianos é essencial para mitigar os impactos desta emergência, e pode se tornar a ferramenta para nos ajudar a tirar milhões de colombianos da pobreza". Entretanto, segundo Pizarro, há um setor político que não está interessado na realização deste projeto e, portanto, se dedicaram a adiar a discussão.
Em 20 de junho, a revista Dinero relatou que o debate havia sido interrompido na Terceira Comissão do Senado. Isso implica, em termos gerais, que não foi apresentado como um projeto de lei, e que primeiro terá que se tornar parte do debate geral na Câmara.
"O que aconteceu no Senado é que eles atrasaram mais a discussão. Isso vai levar algum tempo", diz Camila Moncada, uma cientista política com mestrado em políticas públicas da Universidad de los Andes. Moncada disse que a comissão encarregada de propor o tema para debate, que deveria ter promovido uma discussão forte, está sendo velada pelo interesse de setores políticos que não querem permitir a materialização de renda básica: "Não é que eles tenham derrubado o debate, é que eles nem se preocuparam em considerá-lo", disse.
Enquanto no Senado a discussão continua sobre a possibilidade de criar, ou não, a Renda Básica Universal, a mercadoria na casa de Claudia continua se acumulando: "Como posso dizer a eles para para de enviar mercadoria, se lá eles estão pior do que nós aqui?"
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