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Repressão e militarização: uma ação reacionária do governo chileno

O governo deve revogar a suspensão de direitos e garantias, recuperar o comando e controle civil do país e retirar as forças armadas das ruas para iniciar um diálogo em resposta às demandas dos cidadãos. Español English

Ciudadanía Inteligente
20 Outubro 2019, 11.01
Um manifestante em Santiago do Chile, em 19 de outubro de 2019.
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Captura de tela do Instagram: @jopeando

Diante do estado de emergência imposto desde o dia 19 de outubro de 2019 pelo governo Chileno, que rapidamente se estendeu de uma a três regiões do país, a Fundação Ciudadanía Inteligente condena a repressão estatal, o uso da força militar e pede ao governo que revogue a suspensão de direitos e garantias, recupere o comando e controle civil do país e retire as Forças Armadas das ruas para iniciar um diálogo em resposta às demandas dos cidadãos.

Hoje o Chile está vivendo o segundo dia do Estado de Emergência em seis regiões do país e não está descartada a possibilidade de impô-lo em mais, nem a possibilidade de renovar o toque de recolher.

O Governo do Chile, através do seu Ministro do Interior, anunciou a entrega de mais poderes às forças armadas para restringir as liberdades dos cidadãos. Este cenário ocorre sem oferecer um plano concreto e sem fazer referência às instâncias de diálogo anunciadas ontem à tarde pelo presidente Sebastián Piñera.

Nesse sentido, a Fundação Ciudadanía Inteligente, como representante da sociedade civil chilena, exige que o governo invista em mecanismos e protocolos eficazes para escutar as demandas da população.

A organização também explicou que o governo deve alocar os recursos necessários para desenhar estratégias de gestão de conflitos sociais, evitar sua escalada e envolver amplos setores para resolver problemas pendentes.

Da mesma forma, a organização exige a ativação de diferentes instâncias públicas, privadas e sociais, incluindo a mídia, centros educacionais e organizações da sociedade civil organizada, para agir no tempo e evitar a escalada de conflitos sociais.

A diretora executiva da Ciudadanía Inteligente, Renata Ávila, destacou que "a partir da Ciudadanía Inteligente temos observado com tristeza como os erros do Governo de Sebastián Piñera e seu Gabinete de Ministros ultrapassaram o limite da tolerância dos cidadãos, ferindo profundamente sua dignidade e memória,

Além disso, a diretora acrescentou que "este deslocamento militar, em um dos países mais seguros do mundo, precisamente para conter e silenciar o protesto dos cidadãos, é um erro que deve ser admitido e imediatamente revogado". É a violência estatal, que tem responsabilidade internacional.

As manifestações que vêm ocorrendo no Chile nos últimos cinco dias são o resultado do enorme descontentamento dos cidadãos pelas injustiças e desigualdades sociais nas áreas de saúde, educação, pensões, oportunidades de emprego, transporte, entre muitas outras.

A explosão social foi desencadeada pelo aumento da tarifa do metrô, mas as demandas dos cidadãos são muito mais profundas e exigem ação imediata do governo.

As intervenções com uso das forças ocorridas nos últimos anos na América Latina refletem maior violência e falta de segurança para os cidadãos e um alto custo e ineficiência na solução dos problemas.

Por exemplo, a recente intervenção das forças armadas no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro em 2018:

em 10 meses de intervenção, a cidade registrou um aumento de 59% nos tiroteios, mais de 4.000 homicídios e 40% mais mortes por intervenção policial do que no ano anterior.

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