Diante do estado de emergência imposto desde o dia 19 de outubro de 2019 pelo governo Chileno, que rapidamente se estendeu de uma a três regiões do país, a Fundação Ciudadanía Inteligente condena a repressão estatal, o uso da força militar e pede ao governo que revogue a suspensão de direitos e garantias, recupere o comando e controle civil do país e retire as Forças Armadas das ruas para iniciar um diálogo em resposta às demandas dos cidadãos.
Hoje o Chile está vivendo o segundo dia do Estado de Emergência em seis regiões do país e não está descartada a possibilidade de impô-lo em mais, nem a possibilidade de renovar o toque de recolher.
O Governo do Chile, através do seu Ministro do Interior, anunciou a entrega de mais poderes às forças armadas para restringir as liberdades dos cidadãos. Este cenário ocorre sem oferecer um plano concreto e sem fazer referência às instâncias de diálogo anunciadas ontem à tarde pelo presidente Sebastián Piñera.
Nesse sentido, a Fundação Ciudadanía Inteligente, como representante da sociedade civil chilena, exige que o governo invista em mecanismos e protocolos eficazes para escutar as demandas da população.
A organização também explicou que o governo deve alocar os recursos necessários para desenhar estratégias de gestão de conflitos sociais, evitar sua escalada e envolver amplos setores para resolver problemas pendentes.
Da mesma forma, a organização exige a ativação de diferentes instâncias públicas, privadas e sociais, incluindo a mídia, centros educacionais e organizações da sociedade civil organizada, para agir no tempo e evitar a escalada de conflitos sociais.
A diretora executiva da Ciudadanía Inteligente, Renata Ávila, destacou que "a partir da Ciudadanía Inteligente temos observado com tristeza como os erros do Governo de Sebastián Piñera e seu Gabinete de Ministros ultrapassaram o limite da tolerância dos cidadãos, ferindo profundamente sua dignidade e memória,
Além disso, a diretora acrescentou que "este deslocamento militar, em um dos países mais seguros do mundo, precisamente para conter e silenciar o protesto dos cidadãos, é um erro que deve ser admitido e imediatamente revogado". É a violência estatal, que tem responsabilidade internacional.
As manifestações que vêm ocorrendo no Chile nos últimos cinco dias são o resultado do enorme descontentamento dos cidadãos pelas injustiças e desigualdades sociais nas áreas de saúde, educação, pensões, oportunidades de emprego, transporte, entre muitas outras.
A explosão social foi desencadeada pelo aumento da tarifa do metrô, mas as demandas dos cidadãos são muito mais profundas e exigem ação imediata do governo.
As intervenções com uso das forças ocorridas nos últimos anos na América Latina refletem maior violência e falta de segurança para os cidadãos e um alto custo e ineficiência na solução dos problemas.
Por exemplo, a recente intervenção das forças armadas no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro em 2018:
em 10 meses de intervenção, a cidade registrou um aumento de 59% nos tiroteios, mais de 4.000 homicídios e 40% mais mortes por intervenção policial do que no ano anterior.
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