As terras raras — como neodímio, escândio e ítrio, para citar algumas — são difíceis de serem extraídas, uma vez que estão misturadas em minerais e misturas de metais. E embora sejam abundantes, é difícil encontrá-las em sua forma pura, sem contar que são encontradas em baixas concentrações.
Elisa Fabila, engenheira química da Universidade Nacional Autônoma do México e especialista em química metalúrgica, diz que a extração é complicada e invasiva:
"Para separar o mineral [dos outros compostos], é necessário produzir uma reação iônica, e os resíduos dessa reação são os que se tornam tão poluentes".
"A água utilizada não pode mais ser reutilizada, devido a todos os resíduos tóxicos e radioativos que restam. E embora essas alternativas [aos combustíveis fósseis] não produzam emissões, elas não são tão limpas quanto pensamos", acrescenta.
Outros minerais que não são considerados terras raras, mas igualmente necessários para a transição energética, podem ter processos de extração prejudiciais ao meio ambiente.
O cobre, por exemplo, é extraído pela detonação de explosivos em minas a céu aberto. Em média, 300 metros quadrados de solo são perdidos a cada explosão, explica Fabila. Todas as propriedades da terra são desperdiçadas, pois a explosão precisa quebrar os componentes do solo para extrair os metais.
A China é a grande protagonista na extração de terras raras. De acordo com dados do Statista, o país foi responsável por 60% da produção mundial de terras raras em 2021. Nos últimos anos, o país asiático limitou sua produção e exportação e trouxe as terras raras à tona na disputa comercial contra os Estados Unidos. A maior de todas as suas minas está em Baiyun Obo, na Mongólia Interior, a qual, segundo a Nasa, abriga quase metade da produção mundial de terras raras.
Estima-se que a demanda por terras raras cresça de três a sete vezes até 2040, dependendo dos avanços na tecnologia de baterias e turbinas elétricas.
Escassez, concentração e qualidade das terras raras
À medida que a demanda por minerais estratégicos aumenta, resta a dúvida se há quantidades suficientes para atender à demanda global. Vários fatores podem influenciar a resposta, que depende em grande parte do desenvolvimento químico das baterias.
De acordo com um relatório da Agência Internacional de Energia (EIA, na sigla em inglês), alguns minerais, como lítio e cobalto, devem ter excedente no curto prazo, enquanto que o lítio processado, o níquel em bateria e as principais terras raras, como o neodímio e o disprósio, podem sofrer escassez nos próximos anos, pois não conseguem acompanhar a demanda.
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