Como mostram os especialistas, a ideia de Trump de tornar os Estados Unidos "grande de novo" se baseia em uma atitude pós-fascista (diferente do fascismo histórico, mas com reverberações no aspecto da animosidade racial), procurando purificar a população do país de imigrantes não brancos.
A obsessão persistente na construção ou expansão do muro na fronteira sul entre os Estados Unidos e o México; a política de separação de famílias que atravessam a fronteira; a superlotação de migrantes em gaiolas em condições deploráveis; a pressão sobre o México para se tornar um país-prisão para migrantes são pilares da política anti-imigração de Donald Trump, também recheada de um discurso hostil que estigmatiza os migrantes que procuram proteção contra guerra, miséria e outras circunstâncias em seus países de origem.
Jair Bolsonaro, com a grandiloquência de um discurso que justificou a ditadura e revelou seu viés racista, misógino e homofóbico, conseguiu chegar à presidência do Brasil em janeiro de 2019, tendo como apoio fundamental a chamada Bancada BBB (Boi, Bala e Bíblia) do Congresso brasileiro.
Esses grupos de agronegócios, evangélicos e lobistas pelo uso de armas têm uma agenda conservadora sobre questões sociais e econômicas, coincidindo com a agenda do próprio presidente.
Dentre suas políticas em relação aos povos indígenas, destaca-se a posição de Bolsonaro na tentativa de modificar as atribuições da Fundação Nacional do Índio (Funai) que a privaram de definir e demarcar territórios indígenas, à medida que essa função passou para as mãos do Ministério da Agricultura que privilegia o agronegócio sobre a preservação e proteção de grupos étnicos e seu meio ambiente.
Essas políticas se solidificam graças à convicção de Bolsonaro de que o reconhecimento de terras indígenas é um obstáculo para o agronegócio. Nesse sentido, a indiferença à catástrofe ecológica das últimas semanas com os enormes incêndios Amazônia coincide com a atitude indolente do presidente brasileiro sobre os povos indígenas e seus territórios.
Esses cenários revelam que a democracia pode ser destruída por dentro e mais quando há setores da população que apoiam as políticas antidemocráticas desses líderes. Cenários de precariedade ou aspiração econômica têm sido propícios para que o discurso de ódio entre em vigor. Os efeitos do discurso de ódio resultaram em tragédias desastrosas como a de El Paso, em agosto passado.
Portanto, ideias de supremacia branca nos Estados Unidos, de supremacia hindu na Índia ou desprezo de grupos étnicos no Brasil, quando ligadas à visão de economia e a um paradigma de bem-estar social que, em teoria, é violado com a chegada de certos grupos, permite que os líderes repensem a noção de direitos humanos e, infelizmente, resulta no acúmulo de riqueza nos grupos mais privilegiados.
Assim, o governo de direita não é apenas uma visão crítica conservadora das agendas progressistas, mas também envolve prejudicar os direitos humanos de grupos vulneráveis e promover tensão social com tentativas abertas de cancelar qualquer expressão de solidariedade e empatia.
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