“Chegou a minha vez”
O notável aumento de casos de violência contra mulheres no transporte público tornou-se visível a partir de janeiro de 2019, quando foram compartilhados nas redes sociais vários depoimentos de tentativas de sequestro nos metrôs da capital.
Os depoimentos explicam as diferentes maneiras em que mulheres podem ser agredidas e sequestradas devido, em parte, à indiferença dos transeuntes. Em um destes depoimentos públicos, Eunice Alonso descreve sua experiência:
"Bem, chegou a minha vez. Há um tempo atrás, eu estava na estação de metrô Boulevard, estava esperando o metrô chegar e um jovem entre 20 e 25 anos chegou muito perto de mim e senti que senti que pôs algo na minha costela. [...] No começo eu pensei que ele ia me assaltar, mas ele disse: 'você vai sair comigo e vai ver uma van branca. Você vai entrar e se alguém perguntar alguma coisa, você vai sizer que é o seu Uber' [...] fiquei paralisada e começou a me dar um ataque de ansiedade, então comecei a chorar, e uma senhora (que não tive chance de perguntar o nome) me disse: você está bem? Eu não consegui responder e ela entendeu o que estava acontecendo e começou a gritar: 'fogo, fogo.' As pessoas começaram a olhar e um policial se aproximou; foi assim que o jovem me soltou e fugiu".
Precisamente para impedir que incidentes como estes passem despercebidos, ativistas e coletivos iniciaram esforços para tornar o problema visível e dar dicas de autodefesa e segurança. Algumas das estratégias compartilhadas sugerem o uso de palavras-chave como “fogo” ou “terremoto” para pedir ajuda, assim como a pessoa que ajudou Alonso gritando “fogo!”, pois teme-se que expor o atacante diretamente possa desencadear uma reação violenta.
Um grupo de feministas ativistas, membros da iniciativa de jornalismo de dados Serendipia DATA, criou uma base de dados colaborativa para mapear os lugares e as circunstâncias dos casos registrados.
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