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Vítima da crise climática, a icônica geleira mexicana Ayoloco não existe mais

Em abril de 2021, geofísicos da Universidade Autônoma do México (UNAM) anunciaram oficialmente sua morte.

Danica Jorden
4 Maio 2021, 12.01
Vulcão Iztaccíhuatl, que abrigava a geleira Ayoloco
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Cortesia da UNAM

O ônibus Estrella Roja viaja pela rodovia federal 150 da área metropolitana da Cidade do México até Puebla, capital do estado de mesmo nome. Na metade do percurso, o ônibus, com seus passageiros acomodados em assentos desgastados e um filme de Hollywood dublado em espanhol projetado em vários monitores de vídeo espalhados pela cabine, atravessa um ponto relativamente baixo no cume que forma a fronteira natural entre as duas regiões demográficas mexicanas, e depois começa a descer.

Ao sul, as altitudes deste parque nacional são impressionantes: o extinto vulcão Iztaccíhuatl, chamado de "mulher branca" em Nahuatl por seus picos nevados, ou "mulher adormecida" em espanhol por suas curvas ondulantes, chega a 5.215 metros, enquanto o ainda ativo Popocatepetl, amante de Iztaccihuatl segundo a lenda, que até hoje irrompe periodicamente como sinal de tristeza por seu desaparecimento, chega a 5.426 m.

Se não fosse pela espessa camada de fumaça que paira sobre a capital do país, que já foi a cidade mais poluída do mundo e luta para descer na lista, os amantes estariam sempre à vista. A visibilidade é melhor de Puebla, especialmente do topo de Cholula, onde um templo católico foi erguido sobre a pirâmide Tlachihualtepetl nos anos 1500.

Dois pesquisadores na frente da placa
Pesquisadores da UNAM deixaram uma mensagem para as gerações futuras através de uma placa de aço que declara a morte da geleira Ayoloco
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Cortesia da UNAM

Acredita-se que existiam 18 geleiras ao longo da Cordilheira do Sol, sobre a qual o sol nasce para contemplar a grande e antiga cidade de Tenochtitlan, como era chamada a capital mexicana antes da invasão espanhola no século 16. No início do século 21, restavam apenas três geleiras e agora, apenas duas. Em 2018, a geleira Ayoloco perdeu sem neve e, há uma semana, em abril de 2021, geofísicos da Universidade Autônoma do México (UNAM) anunciaram oficialmente sua morte.

As geleiras são uma importante fonte de água doce e regulação do clima – a gravidade dessa perda não pode ser subestimada. Ayoloco era a maior geleira de Iztaccíhuatl. Assim, a princesa asteca perdeu seu vestido de noiva branco e está apenas coberta de rocha cinzenta e irregular. Há cinco dias, pesquisadores da UNAM subiram ao topo para colocar uma placa, uma admissão de culpa coletiva expressa dirigida "às gerações futuras":

“Aqui existiu a geleira Ayoloco, que recuou até desaparecer em 2018. Nas próximas décadas, as geleiras mexicanas desaparecerão irremediavelmente. Esta placa é para registrar que nós sabíamos o que estava acontecendo e o que precisava ser feito. Só você saberá se o fizemos."

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