A articulação de comunicadores de toda a cidade carioca também levantou a hashtag no Twitter #COVID19NasFavelas e #CoronaNasPeriferias há semanas, para compartilhar vivências, opiniões, notícias desses territórios e estimular discussões sobre a necessidade urgente de prevenção, mas também de alimentação, água e produtos de higiene para essa população.
Os veículos de comunicação das favelas estão produzindo, diariamente, conteúdos e reportagens sobre prevenção, impactos e as mudanças que a chegada da COVID-19 trouxe aos moradores. São textos, fotos e vídeos informativos e urgentes, feitos por quem é comunicador e oferecendo o que nem toda cobertura pode: a técnica jornalística e a experiência local.
Um exemplo é o portal de notícia Favela em Pauta, que dedicou em seu site uma página para notícias sobre o novo coronavírus. O Jornal Voz das Comunidades também tem trazido opiniões de moradores sobre o assunto, além da ONG de mesmo nome apostar em uma intensa divulgação e mobilização para arrecadar doações de alimentos e higiene pessoal, com a Campanha Pandemia com Empatia.
A comunicação de favela não acontece sozinha. Uma rede de quase 70 comunicadores e mobilizadores periféricos de todo o país estão a distância mas juntos e prontos para trabalhar com e pela periferia. Essa rede #CoronaNasPeriferias assinou uma carta, que mostra como o coletivo está se articulando para comunicar e conscientizar seu público-alvo: os moradores.
Um dos participantes foi Renato Silva, jornalista do Favela em Pauta. Ele disse que acredita que só iniciativas faveladas e periféricas podem praticar a empatia necessária e responder com agilidade, mesmo com dificuldade, aos riscos da pandemia. “É importante que uma coalizão una informações e iniciativas de comunicação que contemplam as favelas, periferias, guetos, quilombos e sertões”, disse Silva. “Fortalece a iniciativa individual, cria a sensação de que não estamos sós, mesmos isolados, e auxilia no combate às fake news.”
Enquanto o trabalho de base faz a sua parte com os recursos que tem, o Ministério da Saúde ainda estuda formas de atuar efetivamente nesses territórios, como a inclusão na pasta de enfrentamento ao coronavírus o atendimento às favelas, a pedido da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC/MPF).
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Este artigo foi originalmente publicado pelo IJNet e republicado com permissão.
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