Luis e Antonio Mejía são dois irmãos de Camotán, Chiquimula, departamento do sudeste da Guatemala caracterizado por suas colinas íngremes, clima quente e altos níveis de desnutrição. Aqui, 41,1% da população vive em extrema pobreza, segundo dados do Instituto Guatemalteco de Estatística (INE). Os irmãos Mejía não têm salário, mas vivem do milho que colhem. Ambos são pais de filhos pequenos, são casados e vivem em uma pequena casa de cimento e chapa, sem banheiro nem eletricidade, rodeada por seu milharal.
Ambos aprenderam a plantar milho ainda pequenos, lembra Antonio, de 40 anos. "Nosso pai nos ensinou esse tipo de atividade como forma de sobrevivência quando tínhamos cerca de oito anos." Desde então, seguem a mesma rotina todos os dias: levantam-se às 5h da manhã, caminham cerca de 20 minutos até o campo onde colhem o milho e voltam para casa por volta das 18h para comer tortilhas.
Cerca de 90% dos guatemaltecos que vivem em extrema pobreza comem os mesmos alimentos todos os dias, com pouca capacidade de variar seus hábitos alimentares e obter uma dieta equilibrada rica em proteínas. “Nas famílias rurais e de baixa renda, a dieta é monótona; consomem principalmente milho e seus derivados, como tortillas”, explica Mónica Mazariegos, pesquisadora do Instituto de Nutrição da América Central e Panamá (INCAP).
Esse é o caso da família Mejía. “Eu e minha família comemos cerca de 2 kg de milho por dia. Como não temos dinheiro, costumamos comer tortilhas sem feijão, cerca de cinco ou seis por dia, o que nos deixa satisfeitos”, diz Luis. Enquanto a esposa e a filha ficam em casa preparando tortilhas e outros alimentos à base de milho, Luis, de 42 anos, leva o filho de 10 anos para o campo para acompanhá-lo no cultivo.
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