
Aedes aegypti. Flickr. Some rights reserved.
O Zika tem estado constantemente nos meus pensamentos. Falei com um amigo na Venezuela recentemente. Este é um terrível exemplo do início de conflitos sociais e económicos despoletados por motivos políticos. A sua vida diária resume-se a filas para obter produtos básico tais como papel higiénico; não há tylenol disponível para nada. Um grande aumento em casos de malaria já se produziu no ano passado!
Adicionemos o Zika. No seu bairro, ha aproximadamente doze casos ativos de Zika (clinicamente falando, uma vez que não há diagnósticos), estando duas das afetadas grávidas. E adicionemos também a síndrome de Guillain-Barré, para o qual as autoridades não dispõem de nenhum tratamento, mais além de cuidados sanitários quando os mesmos se encontram disponíveis. Esta situação não foi denunciada perante a Organização Mundial da Saúde. Os milhares de bebes afetados nas Américas contrastam com a falta de opções apara aqueles que ouvem dizer que se lhes está a recomendar as mulheres grávidas do Norte não viajar ao seu país. Isto está a suceder em todo o continente americano, ali onde o mosquito Aedes está presente. Pese a que o primeiro caso documentado de transmissão por via sexual através deste vírus foi publicado há 5 anos, agora, nova documentação originada no Texas no contexto duma importante epidemia coloca novas preguntas. Supõe a transmissão sexual uma forma importante de propagação da infecção?
Cada noite, ir dormir com medo. Ou não dormir de todo.
Tantas coisas por entender. Investigações para estabelecer uma relação causal entre o Zika e uma serie de patologias que afetam o sistema nervoso central (microcefalia, Guillain-Barre, Sintomas Retinais) estão a ser realizadas na Colômbia e no brasil. Os efeitos biológicos do Zika sobre o sistema nervoso ainda se desconhecem. Muitos aspetos desta infecção viral ainda estão por ser explicados. Por exemplo, quanto dura o risco que supõe os efeitos do vírus sobre o sistema nervoso central? Qual é natureza da imunidade?
O vírus Zika, contrariamente à recente devastação que supôs o Ébola a nível clinico, não passa duma infecção leve, mas as consequências neurológicas parecem ter lugar posteriormente à infecção. Esta epidemia adiciona o Zika à clássica definição de infecções (TORCH) que fomos treinados para reconhecer: toxoplasmose congênita, outras, rubéola, CMV e Herpes. O Zika é agora um ator a ter em conta dentro da categoria de “outras”.
Então pergunto-me. Chegou o dinheiro destinado a financiar a resposta à emergência do Ébola que foi prometido a nível global à Organização Mundial da Saúde? Ou a algum lugar em particular? O Zika como tal não se esperava que viesse a ser a próxima grande epidemia. Contudo, continuarão a suceder-se surtos e pandemias, disso não há dúvidas. Basta com analisar o histórico: o H1N1, a reaparição o H5, o MERS, o Ébola, o Zika…
Como diz a letra: quando vão aprender?
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