Aumenta de quatro para seis o limite de armas que um cidadão comum pode ter. No caso de policiais, agentes penitenciários e membros do Ministério Público e tribunais, o limite sobre para oito.
Autoriza o porte simultâneo de duas armas. A quantidade de armas que um cidadão poderia portar não estava especificada no decreto anterior.
Muda a regra de quem tem as credenciais para confirmar a aptidão psicológica de um comprador de armas. Anteriormente, o cidadão precisava passar por um teste fornecido por um psicólogo cadastrado na Polícia Federal. Agora, o teste pode ser aprovado por qualquer psicólogo cadastrado no Conselho Regional de Psicologia.
Aumenta a quantidade de munições que caçadores, atiradores e colecionadores, ou CACs, podem comprar por ano. Os CACs agora podem comprar 2 mil munições para cada arma de uso restrito, em comparação com mil no decreto anterior. Para armas de uso irrestrito, podem comprar até 5 mil munições. Os caçadores podem ultrapassar esse limite em até duas vezes e os atiradores em até cinco vezes, desde que tenham autorização do Exército.
Com essas mudanças, Bolsonaro deixa clara sua intenção de armar um segmento da população, aquele composto pelo "cidadão de bem". E os cidadãos de bem estão se armando. Como mostram dados compilados pela BBC News Brasil, os novos registros de CAC concedidos pelo Exército bateram recorde em 2019 e 2020, totalizando 178.721, valor que supera todos os registros nos dez anos anteriores (150.974 entre 2009 e 2018).
O registro de novas armas pela Polícia Federal também é sem precedentes, conforme mostram os dados da BBC News Brasil. Na primeira metade do governo Bolsonaro, 273.835 armas foram registradas, das quais 70% são de cidadãos comuns. O valor representa um aumento de 184% em relação ao período de 2017 e 2018 (96.512) e supera o total dos seis anos anteriores a Bolsonaro (265.706 de 2013 a 2018).
A estratégia de Bolsonaro é semelhante à usada há séculos por seus colegas texanos. O ex-prefeito de Colorado City, ao afirmar que “se você está sentado em casa no frio porque não tem eletricidade e está esperando que alguém venha resgatá-lo porque você é preguiçoso, isso é um resultado direto de sua educação! Só os fortes sobreviverão e os fracos morrerão”, isenta-se da responsabilidade de governar, transferindo-a para o indivíduo.
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