Desde 2009, o Brasil tem a China como seu principal parceiro comercial. Ano após ano, os indicadores vêm batendo recordes, sobretudo no agronegócio. E analistas acreditam que essa forte interdependência deve continuar nos próximos anos, seja qual for o resultado das eleições presidenciais.
"Nossa pauta exportadora [principalmente de commodities] está muito focada em produtos muito básicos", afirma Larissa Wachholz, sócia da Vallya e assessora especial do Ministério da Agricultura para a China de 2019 a 2021. "Isso acaba indicando que o cenário eleitoral é menos importante para esses setores, que são bastante resilientes".
Isso não significa, no entanto, que as relações ficarão imutáveis. Especialistas vêem numa eventual vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, hoje líder nas pesquisas eleitorais, uma porta para estreitar os laços entre os dois países. Se Jair Bolsonaro, segundo lugar nas intenções de voto, se reeleger, as apostas são de que o governo continue distante da China, pelo menos na retórica.
Os negócios entre os dois países seguiram em alta nos últimos anos, mesmo durante a pandemia. A soma das importações e exportações entre os dois países foi de US$ 135 bilhões em 2021, número recorde, de acordo com dados de comércio exterior.
"Temos um potencial enorme, mas para conquistar a confiança dos chineses, isso precisa ser feito de governo para governo. Por mais que o setor privado tenha um papel fundamental em se comunicar com o consumidor, o governo tem um papel fundamental na negociação", acrescentou Wachholz.
Lula mais próximo da China
Historicamente, Lula é mais inclinado ao diálogo com Beijing. Foi durante seu governo, em 2009, que a China se tornou a principal parceira comercial do Brasil, beneficiado pelo contexto internacional com o boom das commodities.
Anos antes, em 2004, Lula fez sua primeira visita ao país asiático com uma comitiva de empresários, um gesto visto como propulsor dos negócios. No mesmo ano, durante a visita do ex-presidente chinês Hu Jintao a Brasília, o Brasil reconheceu a China como economia de mercado, considerado um voto de confiança pelos chineses.