No último mês, manifestações no Chile e no Equador dominaram as notícias da região. No entanto, outro país já estava nas ruas há mais de seis meses quando o primeiro protesto eclodiu em Quito, há algumas semanas: o Haiti.
Desde fevereiro deste ano, os protestos contra o atual presidente Jovenel Moïse e seu primeiro ministro, Jean-Henry Céant, explodiram novamente após quase um ano de manifestações intermitentes e, desde então, centenas de milhares de pessoas foram às ruas do país para exigir sua renúncia.
Os manifestantes estão protestando contra medidas de austeridade que foram acompanhadas por aumentos nos preços das commodities. Também exigem saber o que foi feito com bilhões de dólares que o país recebeu da Venezuela, que desapareceu sem deixar rasto.
"O modelo neoliberal e explorador que eles estão impondo no Haiti fracassou muitas vezes antes", disse o jornalista Antony Loewenstein, e o resultado disso é que muitos haitianos vivem em um estado de desespero diário. Isso, junto com a má administração de uma série de governos extremamente corruptos que desviam fundos públicos e humanitários e o colonialismo histórico, levaram o país a ser o mais pobre do Hemisfério Ocidental.
Segundo o Banco Mundial, em 2018, o Haiti tinha um Produto Interno Bruto per capita de apenas US$ 870. Até hoje, em um país de 10 milhões de habitantes, 6 milhões vivem abaixo da linha de extrema pobreza, ou seja, 60% da população.
Mas, como Chile e Equador, o Haiti acordou e agora pouco pode ser contido com a revolta popular que procura forçar Moïse a prestar contas de suas ações durante sua presidência. É por isso que dizemos tudo o que você precisa saber sobre a situação atual no Haiti e como é o resultado de séculos de exploração e corrupção coloniais.
Um passado e um presente colonial
Não é por acaso que o Haiti é um dos países mais pobres do mundo. Sua pobreza tem muito a ver com seu passado e presente colonial.
A ilha de Hispaniola, colonizada em 1492 pelos espanhois e depois dividida entre franceses e espanhois, agora está dividida entre o Haiti e a República Dominicana. O Haiti, colonizado pelos franceses, recebeu o segundo maior número de escravos da África de todas as Américas, somente depois do Brasil e, no século XIX, os escravos já representavam 90% da população do país.
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