Embora a alegação permaneça infundada neste caso, existem precedentes no México que indicam que é possível. Durante o segundo Massacre de San Fernando, por exemplo, provas mostram que a polícia auxiliou nas tarefas de vigilância e no sequestro de algumas vítimas.
Outro fator que contribui para a violência pode ser a ação das autoridades contra os migrantes que passam pelo território mexicano.
Em vez de direcionar patrulhas apenas para os pontos de fronteira, o governo de López Obrador instalou postos de controle adicionais e enviou tropas de soldados para regiões em que os migrantes costumam viajar em ônibus ou em caravanas. Isso cria "pontos de passagem forçada", onde as autoridades esperam para prender as pessoas, o que força os migrantes a buscar novas rotas.
"É um dilema que o atual governo enfrenta", disse Ariel Ruiz, do Migration Policy Institute. “O governo de López Obrador busca priorizar os direitos humanos dos migrantes na implementação de sua agenda, mas o uso da Guarda Nacional nas operações de controle migratório mudou as decisões dos migrantes, o que dá origem a rotas e condições mais arriscadas”.
Os massacres em Tamaulipas provavelmente continuarão a ocorrer enquanto as autoridades continuarem a não processar os responsáveis, devido à incapacidade ou omissão. Raramente os massacres levam a prisões, muito menos a condenações. E obter informações do governo pode levar anos, como explica Ana Lorena Delgadillo, diretora da Fundação para a Justiça e o Estado Democrático de Direito, com sede no México.
“Não existe uma estratégia real para investigar e desmantelar essas redes criminosas”, disse Delgadillo.
Este artigo foi publicado anteriormente em InSight Crime e traduzido ao português pelo openDemocracy/democraciaAbierta. Leia o original em espanhol aqui e em inglês aqui.
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