Alguns agentes do IBAMA disseram à Reuters que depois de viajar quatro horas para interceptar madeireiros ilegais perto do Rio Novo, soldados e membros do IBAMA chegaram a um local desmatado e abandonado.
A Reuters também revelou a grande variedade de atores envolvidos na destruição das florestas tropicais.
Primeiro, os madeireiros ilegais cortam e tiram a madeira mais valiosa, depois os camponeses ocupam a terra, destruindo o que resta. Também são forjados títulos de terra e escrituras para facilitar a ocupação das propriedades, afirma a reportagem.
Embora possa parecer que por trás disso existe uma complexa rede de crime organizado, nem todos os atores têm a mesma responsabilidade. Os camponeses mais vulneráveis ocuparam a Amazônia como forma de subsistência.
Enquanto isso, os ilegais empregam a população rural para limpar vastas áreas de cultivo de coca e construir pistas clandestinas para aviões de tráfico. Grupos criminosos ordenaram às comunidades locais que cortassem e queimassem árvores em áreas de reserva da região amazônica para abrir caminho para campos de coca.
Isso pode criar confusão sobre quem exatamente deve ser o alvo central das intervenções militares, e os residentes correm o risco de serem pegos no fogo cruzado. Habitantes do departamento de Meta, na Colômbia, disseram à BBC Mundo que a Operação Artemisa deixou camponeses presos no meio da “guerra”, com parte de seus rebanhos perdidos e famílias inteiras despejadas de suas casas.
Um relatório de 2020 da Fundación Ideas para la Paz (FIP) alertou que as tentativas militaristas de proteger o meio ambiente apresentavam o risco de que os soldados considerassem a população local como “invasora” e a transformassem em alvos militares. Tudo isso aconteceu enquanto 98 mil hectares de selva na floresta amazônica foram derrubados no decorrer de 2019.
Visando os elos mais fracos da cadeia
No início de março, a Mongabay relatou a captura de 68 pessoas no âmbito da Operação Artemis, em dezembro de 2020, citando dados do Comando Geral das Forças Militares da Colômbia. Mas uma fonte anônima do Gabinete do Procurador-Geral disse à mídia que nenhum dos capturados era um "grande financiador" do desmatamento.
Esse padrão se repete em toda a Amazônia. Na região de Madre de Dios, no Peru, pequenos mineiros informais foram alvo da Operação Mercurio. No entanto, os empreendedores que lavam ouro obtido ilegalmente por meio de empresas de papel são muito mais difíceis de capturar do que aqueles que o extraem.
Por outro lado, embora o exército brasileiro tenha assumido um papel mais proeminente na proteção das florestas amazônicas, o Ibama não conseguiu processar os principais responsáveis das redes dedicadas à extração ilegal de madeira e mineração, segundo autoridades locais falaram à Associated Press no ano passado. Os delegados também revelaram como os vendedores de carne que compram gado de áreas desmatadas operam livremente na região.
Este artigo foi originalmente publicado pela InSight Crime. Leia o original aqui.
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