Apenas um dia após Uvalde – que é o tiroteio em escola mais mortal desde o massacre de Sandy Hook em 2012, que matou 26 – o representante do estado da Flórida, Randy Fine, aparentemente achou que seria uma boa ideia postar o seguinte no Twitter: “Tenho novidades para a vergonha que diz ser nosso presidente – tente pegar nossas armas e você saberá porque a Segunda Emenda foi escrita em primeiro lugar".
O comentário de Fine lembra um momento infame da campanha presidencial de Donald Trump em 2016, em que ele disse a uma multidão: “Hillary quer abolir, essencialmente abolir, a Segunda Emenda. Se ela conseguir escolher seus juízes, vocês nada poderão fazer, amigos. Embora a Segunda Emenda, as pessoas – talvez possam. Não sei."
Na época, os comentários de Trump foram interpretados como uma ameaça de morte a Hillary Clinton, oponente democrata de Trump à presidência, ou de quaisquer juízes que ela pudesse nomear para a Suprema Corte, caso vencesse a eleição.
Uma retórica como essa alimenta a violência política que tem prejudicado o cenário social dos Estados Unidos. E certamente não faz nada para reduzir a sombria frequência de tiroteios em massa no país, muitos dos quais são motivados pela odiosa ideologia de direita.
De fato, o analista político John Stoehr argumentou de maneira convincente que devemos entender a aceitação republicana da frequente violência armada em massa em um contexto de violência política a que os americanos de direita têm se voltado cada vez mais. Os conservadores não escondem seus esforços para impor um governo autoritário liderado por homens cristãos brancos incapazes de vencer sob condições democráticas justas. (Tais condições, é claro, não existem nos EUA, que concedem poder desproporcional a pequenos estados rurais e onde estados controlados pelos republicanos se envolvem em descarada supressão de eleitores.)
Acho que Stoehr está certo. E até que o povo americano consiga arrancar o controle do partido autoritário do patriarcado supremacista branco e da teocracia cristã, é altamente improvável que façamos progressos no combate à violência armada.
Eu gostaria de poder terminar esta coluna com um tom mais otimista, mas o cenário mais provável é que as coisas continuem a piorar antes de melhorarem.
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