Todos esses são ingredientes tóxicos que alimentaram o desastre que estamos testemunhando e foram todos desencadeados e liderados pelo presidente dos Estados Unidos. É inútil partir para o eu avisei. Em vez disso, todas as democracias precisam aprender a lição para não repeti-la no futuro.
O vilão
Infelizmente, a insurreição que testemunhamos trouxe à tona a discriminação sofrida por diferentes minorias, mas especialmente pelos negros, nos Estados Unidos. Os contrastes inundaram as redes sociais: a mobilização policial para proteger o Capitólio foi incompreensivelmente fraca; o tratamento policial dos insurgentes – na maioria homens brancos – destaca o racismo sistêmico das forças policiais, especialmente quando comparado ao tratamento dos manifestantes do Black Lives Matter durante os protestos do ano passado.
Nenhum insurgente ainda foi processado e nem uma única pessoa saiu algemada do edifício do Capitólio. Os manifestantes do Black Lives Matter receberam um tratamento bem diferente. Em suas manifestações, eles foram recebidos pela polícia de choque, gás lacrimogêneo, humilhação e centenas de detenções.
Demissões em sua administração e algumas palavras de congressistas republicanos não são e não serão suficientes. Eles foram cúmplices do abuso de poder e deste racismo por quatro anos, exacerbando uma discriminação que existe diariamente para os negros nos Estados Unidos e que vem ocorrendo há séculos na sociedade americana, com sua polícia na vanguarda.
O que aconteceu no Capitólio dos Estados Unidos é mais um alerta para a fragilidade das democracias e para o trabalho que dá mantê-las de pé – um trabalho que nunca deve ser tido como garantido. Enfrentar as forças populistas, tanto na extrema direita como na extrema esquerda, que estão em ascensão em todo o mundo, é um primeiro passo. O importante será sempre manter vigilância ativa sobre a qualidade da democracia em nossos sistemas políticos e daqueles que os lideram, tendo em mente que nosso voto é a nossa ferramenta mais poderosa para defendê-la.
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