Por isso, temos que pensar em soluções socioecológicas integrais que incluam a redução do consumo de energia, a sustentabilidade, a redução das desigualdades sociais, o desenvolvimento de espaços adequados de moradia e a justiça ambiental.
Essas medidas devem necessariamente surgir de um processo democrático de construção de acordos sociais e institucionais de longo prazo. Como observou a planejadora urbana Jane Jacobs, "as cidades têm a capacidade de fornecer algo para todos, mas apenas porque, e somente quando, são criadas por todos".
Em outras palavras, o terceiro grande desafio que enfrentamos, e talvez o mais importante, é construir uma nova governança democrática. Precisamos desenvolver a infraestrutura política e os mecanismos operacionais que possam construir acordos sociopolíticos abrangentes, de longo prazo e socialmente participativos. A chave está em modelos de governança de base territorial, com participação cidadã efetiva, institucionalizando espaços de inteligência coletiva apoiados em redes de organizações, universidades e coletivos. Só assim poderemos construir consensos para uma urbanização equitativa, produtiva, ordenada e sustentável que melhore a qualidade de vida, a ordem espacial e a sustentabilidade ambiental do nosso planeta.
A transformação é possível e as cidades são o palco. Assim como as cidades nos permitiram emergir da era neolítica, hoje podem ser o espaço onde construímos a saída de um modelo de cidade exclusivo e determinado pelo mercado. É nas cidades que se concentram a riqueza, o poder de decisão e o conhecimento dos desafios e soluções que temos pela frente.