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Emergência climática: por que a mobilização global é urgente

A atual crise climática é praticamente irreversível e global. E global e irreversível deve ser a resposta. Español English

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12 Setembro 2019, 7.47
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O planeta enfrenta uma emergência climática sem precedentes e está perto de cruzar um ponto sem volta. As consequências já são irreversíveis em diferentes partes do planeta. Aos alarmantes dados coletados nas últimas duas décadas, soma-se a multiplicação de fenômenos meteorológicos extremos que recomendam o abandono da terminologia "mudança climática", que já se tornou obsoleta.

Devemos usar uma linguagem mais forte, se queremos entender o que está acontecendo.

Embora o termo “mudança climática” tenha começado a ser usado em meados da década de 1970, e em 1988 tenha sido consagrado pela ONU quando foi criado o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), começou a competir no final dos anos 90 com o termo "aquecimento global", que para muitos comunicava melhor o que estava acontecendo na atmosfera do planeta.

Foi com a chegada dos neocons ao poder nos Estados Unidos representados por George W. Bush que o governo republicano, aconselhado pelo consultor político Frank Luntz, definitivamente incentivou o uso do termo: "É hora de começarmos a falar sobre "mudanças climáticas" em vez de "aquecimento global" e "conservação" em vez de "preservação" (...) Embora o aquecimento global tenha conotações catastróficas, as mudanças climáticas sugerem um desafio mais controlável e menos emocional".

Hoje, como então, os negadores que governam países-chave para conter as emissões estão proliferando. As Nações Unidas, devido ao fracasso de muitos países em cumprir os compromissos do Acordo de Paris de 2015, convocaram uma cúpula de emergência em Nova York para o 23 de setembro.

Um relatório da ONU em novembro de 2018 revelou que, em 2017, em vez de diminuir conforme combinado, as emissões globais de CO2 continuaram a aumentar. Para atingir a meta de restringir o aquecimento global a 2°C, os países signatários devem triplicar seus esforços. Apenas 57 países cumpriram os compromissos. Com a ascensão de líderes céticos diante da emergência climática, como Trump nos EUA e Bolsonaro no Brasil, o desafio é maior do que nunca.

A mobilização, que inclui uma greve pelo clima, faz parte da campanha “Fridays for Future”, que iniciou a jovem ativista sueca Greta Thunberg

Por esse motivo, jovens de todo o mundo estão se preparando para a 'Mobilização Mundial pelo Clima', que ocorrerá entre 20 e 27 de setembro, começando com uma greve pelo clima global no primeiro dia de mobilização. Atualmente, existem greves planejadas em 117 países e em mais de 1664 cidades no mundo, e a América Latina não é exceção.

Aqui estão algumas dicas sobre a mobilização para entender quem são as principais figuras que estão impulsionando o movimento e como você pode se envolver.

A figura-chave da mobilização

A mobilização, que inclui uma greve pelo clima, faz parte da campanha “Fridays for Future”, que iniciou a jovem ativista sueca Greta Thunberg há um ano, quando ela parou de frequentar a escola toda sexta-feira em um ato de protesto contra a emergência climática. Sua mensagem foi direta: "Qual é a utilidade de ir à escola para nos educar para o futuro se o planeta vai acabar?" Toda sexta-feira, em frente ao parlamento sueco, ela protestava contra a falta de ação política contra as mudanças climáticas.

Agora, Greta tem um apoio significativo da organização americana 350.org, que criou a infraestrutura para realizar a mobilização em setembro, por meio da plataforma global climate strike. A iniciativa conta com o apoio de grandes organizações da sociedade civil, como a Anistia Internacional, a Extinction Rebellion, CIVICUS, entre outras.

Greta está se tornando uma das mais vozes mais midiáticas no debate climático. Em maio deste ano, ela apareceu na capa da revista Time, que a nomeou "líder da próxima geração".

Não podemos continuar ignorando os efeitos das mudanças climáticas. Na Amazônia, com os incêndios deste ano, estamos muito perto de alcançar o que os cientistas chamam de "ponto de inflexão"

Greta liderará a mobilização de Nova York, onde chegou depois de cruzar o Atlântico em um veleiro movido a energia solar, para denunciar como as emissões das aeronaves contribuem significativamente para desestabilizar o clima. É através de ações concretas e nem sempre fáceis ou confortáveis que devemos lidar com essa emergência, argumentará Greta na ONU.

Como se envolver na mobilização

A maneira mais direta de se envolver na mobilização é fazer greve em 20 de setembro, junto com centenas de milhares de jovens na África, nas Américas, no Pacífico, na Ásia e na Europa. Mas, para aqueles que não podem se unir à greve, os organizadores sugerem a participação em outras atividades durante a semana ou a conscientização de colegas, amigos e familiares diante da emergência climática que estamos enfrentando atualmente.

A mobilização também oferece recursos que todos podemos usar para gerar conversas sobre a situação atual nas redes ou em nossos locais de trabalho, ou organizar suas próprias atividades, como sessões de treinamento e debates. A mensagem é clara: se você pode ou não fazer greve em 20 de setembro, o que mais importa é a disposição de espalhar a mensagem da seriedade da situação que estamos enfrentando.

Os dados são abundantes. Os últimos quatro anos foram os mais quentes da história, e a temperatura no Ártico durante o inverno, por exemplo, já subiu 3°C desde 1990. O nível do mar está subindo rápido demais para poder controlá-lo.

Não podemos continuar ignorando os efeitos das mudanças climáticas. Na Amazônia, por exemplo, com os incêndios deste ano, estamos muito perto de alcançar o que os cientistas chamam de “ponto de inflexão”, ou seja, o momento em que o desmatamento se torna irreversível. A irreversibilidade é o principal problema. Se não há como voltar atrás, o que está em jogo é a sobrevivência de nossa espécie, junto com muitas outras.

É essencial reconhecer que o que causou essa situação é um modelo de desenvolvimento sem limites, predatório e poluente, que devasta tudo. A alternativa é clara: mudar ou sucumbir. É por isso que é tão importante se mobilizar neste 20 de setembro e participar de ações que destacam a emergência e forçam os governos a cumprir o Acordo de Paris.

Já é tarde demais.

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