
O futuro da guerra russo-ucraniana: 6 cenários possíveis
Embora a Ucrânia esteja apresentando forte resistência, as hostilidades russas devem aumentar nas próximas semanas e meses

A ofensiva russa contra a Ucrânia está entrando em uma nova fase perigosa e imprevisível, com implicações geopolíticas, geoeconômicas e geodigitais radicais de longo alcance.
O que começou como uma tentativa do Kremlin de unilateralmente conceder soberania aos estados separatistas de Luhansk e Donetsk rapidamente se transformou em uma invasão em grande escala para derrubar o governo e ocupar toda a Ucrânia.
Em poucos dias, os Estados Unidos, a União Europeia, a Austrália, o Canadá e o Japão, bem como outros parceiros da OTAN, decretaram sanções severas contra bancos privados russos, políticos e a elite empresarial, cortando efetivamente o país da economia global. Moscou foi golpeada por sanções antes impensáveis, incluindo restringir o acesso de bancos russos ao SWIFT, cortar o fornecimento de tecnologia e restringir voos e fretes para a Rússia.
Apesar das promessas solenes de apoio da Assembleia Geral da ONU e dos Estados ocidentais à Ucrânia, a OTAN sabiamente negou qualquer plano de enviar forças para o país, impor uma zona de exclusão aérea ou intensificar as ameaças de modo a evitar uma conflagração ainda mais violenta. O presidente russo, Vladimir Putin, e seus generais prometeram responder a qualquer interferência estrangeira com força "devastadora", presumivelmente com armas nucleares. O que acontecerá a seguir é muito difícil de prever, mas será o desenvolvimento mais transformador da Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
Motivações subjacentes
A campanha militar russa para derrubar o governo ucraniano é motivada por múltiplos fatores que se sobrepõem. A principal delas são as queixas antigas sobre o que a Rússia vê como uma ameaçadora arquitetura de segurança europeia pós-Guerra Fria.
Putin, em especial, se ressente da expansão da OTAN para o leste nas últimas três décadas. Ele também considera inaceitável a proximidade da Ucrânia, um país que ele afirma não deveria existir, com o Ocidente e sua possível adesão à OTAN.
Há preocupações entre a maioria dos observadores de Putin de que ele tenha se tornado mais emocional, distante e até irracional nos últimos anos
Outro ponto de discórdia se refere a segurança energética, especialmente a frustração da Rússia com a infraestrutura inadequada para transportar suas exportações de gás natural através da Ucrânia. O Nord Stream II, o agora encerrado oleoduto e gasoduto que liga a Rússia à Alemanha e ao resto da Europa, deveria satisfazer algumas das preocupações russas. Não menos importante é o desejo de Putin de corrigir injustiças históricas percebidas, reivindicando antigos territórios russos cedidos à Ucrânia durante a era soviética.
Especialistas têm até mesmo analisado relatórios sobre a aptidão psicológica e fisiológica e o bem-estar do presidente russo. Há preocupações entre a maioria dos observadores de Putin de que ele tenha se tornado mais emocional, distante e até irracional nos últimos anos. À medida que sua paranoia foi crescendo, seu círculo interno foi diminuindo.
Um erro de cálculo
O momento da intervenção russa não é acidental. Moscou estava cada vez mais irritada com a forma como Bruxelas e Washington minimizaram seus interesses estratégicos e preocupações de segurança nas últimas três décadas. A Rússia se ofendeu diante da insistência da OTAN em uma política de "portas abertas" para novas adesões e o que viu como seu desinteresse em implementar o Minsk II, um acordo de paz estabelecido após a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014.
Moscou provavelmente também sentiu a fraqueza dos EUA e da OTAN após uma saída desordenada do Afeganistão. Além disso, a Rússia aparentemente contava com a polarização interna nos EUA e entre os países da UE, parcialmente instigada por bots russos. Depois de concentrar cerca de 200 mil soldados e um conjunto afrontoso de recursos militares nas fronteiras da Ucrânia, Putin antecipou que o ocidente recuaria e ofereceria concessões e até mesmo que os ucranianos receberiam os soldados russos de braços abertos.
Embora amplamente descrito como um erro de cálculo, o plano inicial da Rússia tinha algum mérito. A Rússia contornou facilmente as sanções depois de invadir a Geórgia em 2008 e tomar a Crimeia da Ucrânia em 2014. Antes da invasão em curso, que começou em 24 de fevereiro, Putin tinha uma posição doméstica comparativamente forte nas mãos. Firmemente no controle do governo, ele obteve uma taxa de aprovação superior a 70%, de acordo com pesquisas locais.
das sanções punitivas, a Rússia tinha tem mais de US$ 630 bilhões em reservas em um cenário econômico de alta do petróleo e gás. Apesar das fortes sanções contra seu Banco Central e sua retirada do SWIFT, a Rússia calculou que poderia correr o risco de tomar Kiev, apesar das ameaças dos EUA e da UE. Diante da forte dependência energética da UE em relação à Rússia, Putin provavelmente acreditava que seria mais fácil conquistar concessões. Mesmo agora, ele espera que a resistência dos EUA e da OTAN suavize à medida que a guerra se arraste, provocando flexibilização das sanções uma vez que os países ocidentais comecem a sentir os efeitos negativos da ausência da Rússia no mercado.
Seis cenários
Embora seja impossível prever o que acontecerá a seguir, pelo menos seis cenários são possíveis. Cada cenário envolve uma série de possíveis ramificações e estão sujeitos a alterações no decorrer da guerra.
Retirada estratégica e acordo de paz
O primeiro, e o menos plausível, cenário é que a Rússia, diante de perdas punitivas encene uma retirada estratégica para uma missão de "manutenção da paz" nas duas regiões separatistas de Donbas. Tendo decidido que os custos de continuar sua campanha são muito altos, os líderes russos poderiam optar por estabelecer uma presença militar permanente nas duas regiões separatistas com base em seus recém-criados tratados de defesa e reconhecimento mútuo.
Com os custos de continuar sua campanha aumentando, Moscou poderia se contentar em estabelecer uma presença militar permanente nos dois estados separatistas com base em seus tratados de reconhecimento mútuo e defesa recentemente assinados. Após empreender uma repatriação pública dos "refugiados" ucranianos orientais da Rússia para Luhansk e Donetsk, o conflito com a Ucrânia se transformaria em um prolongado impasse. Putin exigirá que Zelenski se comprometa a não aderir à OTAN, a conceder a soberania da Crimeia à Rússia, a autonomia de Donbas e uma série de direitos aos falantes de russo.
Os EUA, a UE e os países da OTAN manteriam a maioria das MOSTas sanções e a Rússia tentaria legitimar sua posição no Conselho de Segurança da ONU. Os EUA e a UE poderiam trabalhar com a Ucrânia e a Rússia para relançar um processo ao estilo de Minsk para salvar a face, juntamente com uma força de manutenção da paz e reparações, mas as tensões continuariam altas e o risco permanece de que o conflito se repita. Apesar de consideráveis perdas russas e crescente opróbrio da comunidade internacional, incluindo apelos para julgar Putin como criminoso de guerra no Tribunal Penal Internacional, é improvável que Putin vá por este caminho, visto que ele já optou por lançar um ataque em grande escala em Kiev, Kharkiv, Kherson e Mariupol.
Vitória pírrica russa
Um segundo cenário implicaria o aumento da brutal pressão militar russa sobre a Ucrânia e eventual derrubado do governo em Kiev e outras cidades-chave, com o objetivo de instalar um novo regime. Putin negou repetidamente o direito de existência da Ucrânia e acusou falsamente seus líderes de serem nazistas, enquanto retrata sua campanha militar como uma guerra de necessidade e não de escolha.
A estratégia declarada da Rússia é 'escalar para desescalar'
A estratégia declarada da Rússia é "escalar para desescalar". Embora a Rússia possa conquistar vitórias em cidades-chave devido à sua vasta superioridade militar, sofrerá pesadas perdas e terá dificuldade em tomar, quanto mais manter, território ucraniano. A feroz resistência ucraniana, o reabastecimento regular dos EUA e da UE e a crescente oposição popular na Rússia também devem dificultar os esforços russos.
O que aparentemente deveria ser uma guerra curta pode facilmente se arrastar por meses, matando milhares de soldados e civis e transformando ao menos 4 milhões de ucranianos em refugiados, inclusive em Estados membros da EU. A ONU já estima que 10 milhões de ucranianos foram deslocados, incluindo cerca de 8 milhões dentro do país. Sanções paralisantes direcionadas aos setores de tecnologia, energia e financeiro da Rússia, incluindo a exclusão do país do SWIFT, podem provocar uma perigosa resposta da Rússia, incluindo massivos ciberataques, incluindo contra membros da OTAN.
Com o apoio chinês diminuindo, as parcerias econômicas previstas entre a Rússia e a China parecem menos prováveis. Mesmo assim, a Rússia pode procurar enfrentar os EUA e a UE no que é um impasse mutuamente prejudicial. Aconteça o que acontecer, os EUA e a Europa devem continuar aumentando as despesas militares e o apoio à Ucrânia e aos membros da OTAN, contribuindo para novos padrões de escalada.
Qualquer que seja a vitória que a Rússia declare, quase certamente será uma vitória pírrica. A economia instável da Rússia, cada vez mais isolada de bancos internacionais, voos e fretes, intensificará a frustração interna. Dezenas de milhares de russos instruídos já deixaram o país para evitarre a ruína econômica. Alternativas ainda existem, incluindo um cessar-fogo à luz das conversas em andamento, esforços diplomáticos liderados pela China ou Turquia motivados por seus interesses econômicos, ou mesmo uma mudança de regime dentro do país.
Ampliação do conflito regional
O terceiro cenário implica um crescente conflito militar envolvendo Estados além fronteiras russo-ucranianas. Temendo o expansionismo russo e buscando proteção do Ocidente, países como Geórgia e Moldávia estão acelerando sua adesão à UE. Vários membros da OTAN no Báltico também invocaram o Artigo 4. Uma declaração do Artigo 5 desencadearia automaticamente uma guerra mais ampla com a Rússia.
Há também crescentes pedidos da Ucrânia e de alguns especialistas ocidentais por uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia, embora a OTAN tenha insistido que não tem intenção de aplicá-la para evitar uma escalada da Rússia. Por sua vez, a menos que seja ameaçada, a Rússia procurará evitar que a guerra se espalhe para além da Ucrânia, a menos que sinta que sua segurança nacional está ameaça.
Entretanto, caso Putin interprete uma ameaça existencial, o que inclui uma economia em colapso, poderá lançar uma série de ações de retaliação, inclusive no campo de batalha, com ramificações regionais e internacionais incertas. O mais provável é que a Rússia responda às sanções empreendendo uma guerra econômica, talvez até mesmo tentando interromper o comércio global de commodities, especialmente petróleo, gás, trigo e outros produtos. Mas à medida que o ocidente se dissocia da energia e das commodities russas, as opções da Rússia estão encolhendo.
Em uma tentativa de recuperar vantagem na frente de guerra, a Rússia poderia lançar uma série de ataques dramáticos de cibersegurança ou responder dramaticamente aos ataques cibernéticos liderados pelo Estados Unidos e Estados membros da UE. Pode também precipitar um grande desastre, incluindo um vazamento químico ou radiológico de uma instalação de produção ou central elétrica. Pode também provocar um grande desastre, incluindo um derramamento químico ou radiológico de uma instalação de produção ou central elétrica.
Dadas as ambiguidades em torno dos modelos de escalada da guerra cibernética, incluindo a proteção da infraestrutura crítica e civil, o campo de batalha virtual poderia levar a trocas cinéticas reais, incluindo conflitos nucleares. Caso essa perspectiva pareça provável, os EUA e/ou a OTAN empreenderão ações preventivas, incluindo o trabalho com os homólogos russos/Kremlin para acelerar a mudança de regime..
À medida que a guerra se estende, o risco de um conflito cada vez maior é real e pode precipitar uma terceira guerra mundial. A Rússia já ameaçou atacar as linhas de abastecimento de armas da OTAN. A Bielorrússia também está relutantemente se juntando à luta ao lado da Rússia. Os resultados possíveis variam desde cessar-fogo e acordos de paz a uma dramática intensificação da guerra cinética, inclusive em solo da OTAN.
A propagação de vários conflitos
Um quarto cenário poderia ver a guerra na Ucrânia agravada por uma crise inesperada no Mar do Sul da China ou mesmo outro teatro entre a Índia e o Paquistão, o Irã e seus vizinhos ou a Coréia do Norte. É possível que a UE e a OTAN enfrentem uma combinação dos cenários acima, juntamente com uma crescente crise provocada pela China em Taiwan.
Embora existam desentendimentos que podem se aprofundar devido ao desastroso início da guerra da Rússia contra a Ucrânia, a Rússia e a China empreenderam uma aproximação estratégica. O apoio da China à Rússia é tênue, embora Pequim faça o possível para manter uma resposta comedida devido aos seus amplos investimentos na Rússia e na região.
No momento, a China está insatisfeita com o fraco desempenho da Rússia. Também está cuidadosamente equilibrando seu apoio à agressão russa contra uma nação soberana e ao mesmo sua condena às violações de soberania no Conselho de Segurança da ONU. Mas os cálculos da China também podem mudar se a Rússia conseguir de alguma maneira ocupar a Ucrânia e garantir seus objetivos. Por exemplo, a China poderia tomar ações beligerantes para enviar uma mensagem a Taiwan, incluindo o uso agressivo de aeronaves e frotas marítimas. Segundo relatos, a China já realizou várias missões usando caças no espaço aéreo de Taiwan.
A China também poderia emular a estratégia de Putin: em vez de um ataque total, poderia primeiro provocar uma crise político-militar e ameaçar o uso da força. Por exemplo, o Partido Comunista Chinês poderia aprovar uma lei delineando os passos para unificar Taiwan e ameaçar uma resposta militar caso não seja cumprida. Isso não apenas desviaria drasticamente a atenção dos EUA e da OTAN, mas permitiria à Rússia dividir uma posição enfraquecida na UE e tomar ações cada vez mais ousadas na Ucrânia e nos Estados com os quais compartilha fronteiras, como os países do Báltico, Finlândia e Noruega.
Uma perda russa catastrófica
O quinto e cada vez mais provável cenário envolve reveses significativos no campo de batalha para a Rússia, levando a uma escalada e caos rápidos e imprevisíveis. Apesar de suas capacidades muito superiores, os militares russos já sofreram perdas significativas (entre 7 e 15 mil soldados, dependendo da fonte), e as baixas aumentarão à medida que a guerra se intensificar. As altas perdas são atribuídas a um exército russo mal equipado, treinado e preparado. As imensas perdas e queda de moral entre os soldados são insustentáveis.
Putin planejou uma guerra curta e uma rápida rendição ucraniana
Praticamente todos os especialistas militares concordam que Putin cometeu um erro estratégico ao imaginar uma escalada dos EUA e da OTAN. Ele planejou uma guerra curta e uma rápida rendição ucraniana. O oposto agora é verdade. Uma vitória para Putin parece fora de alcance. Ele perdeu mais soldados russos em quatro semanas do que todas as baixas da OTAN no Afeganistão e no Iraque em 20 anos.
No entanto, a determinação ocidental e ucraniana se aprofundou.
Com cerca de 240 mil soldados, 50 mil guardas de fronteira, 60 mil soldados da guarda nacional e dezenas de milhares de paramilitares e milicianos voluntários, os ucranianos estão altamente motivados e muito mais bem preparados em 2022 do que em 2014. Diante de um inimigo muito maior, a Ucrânia está de fato ganhando depois que a ofensiva inicial da Rússia fracassou.
A escalada nos ataques aéreos russos para subjugar as cidades ucranianas aumentaria as baixas civis, assim como as recriminações globais. A Ucrânia vem ganhando com folga a Rússia na guerra da informação, galvanizando o ocidente e militarizando os países da OTAN. Bem mais de 300 grandes empresas ocidentais, incluindo várias das maiores empresas de petróleo e gás do mundo, já suspenderam negócios e retiraram investimentos na Rússia.
A derrota militar russa, e sua consequente humilhação, poderia levar a uma perda de confiança na liderança russa e a um pico nos protestos e tumultos civis. De fato, os protestos em Moscou e São Petersburgo vêm aumentando, elevando o espectro de uma possível mudança de poder em Moscou, com todo o caos e confusão que isso acarretaria.
Tal cenário só iria aumentar as preocupações de segurança sobre a integridade do arsenal nuclear estratégico da Rússia. Um resultado ainda mais perigoso seria a Rússia se voltar para armas químicas ou nucleares táticas de baixo rendimento como um meio de deter as forças ucranianas e inverter a maré da batalha, uma vez que sua doutrina incorpora o uso de tais armas no campo de batalha.
Escalada nuclear
O resultado mais assustador de todos é uma escalada radical e uma ameaça nuclear, especialmente armas nucleares estratégicas. Qualquer um dos cenários acima pode levar a uma escalada cibernética-nuclear.
Diplomatas russos, como Sergei Ryabkov, alertaram nos últimos meses que o Kremlin poderia responder com meios "técnicos militares" e implantar armas nucleares "na Europa" se a Otan não pôr fim a sua expansão para o leste. O ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, alertou repetidamente sobre um elemento "nuclear" para uma "Terceira Guerra Mundial".
Muitos analistas militares ocidentais acreditam que a Rússia está blefando em relação às armas nucleares. Mas há razões para não ter excesso de confiança. As regras para administrar a ciberescalada militar não estão totalmente formadas e ainda permanecem ambíguas. Os princípios, regras e tomada de decisões para a implantação e uso de armas nucleares táticas, em particular, não são necessariamente compartilhados entre as potências nucleares.
A desescalada da ação militar é extremamente difícil no atual ambiente caótico
De fato, a Rússia ameaçou descentralizar suas capacidades de lançamento de mísseis em todo o país e na Bielorrússia, incluindo seus lançadores Iskander com capacidade nuclear, bem como mísseis de cruzeiro que têm um alcance de 500-5.500 km. A Rússia disse que há "indicações indiretas" de que a OTAN também está se preparando para lançar mísseis de alcance intermediário e sistemas de lançamento, embora a OTAN tenha dito que não haverá novos mísseis americanos. Como resultado, recentemente colocou seu arsenal nuclear em "alerta máximo".
A desescalada da ação militar é extremamente difícil no atual ambiente caótico. Putin apostou sua própria credibilidade, assim como a de seu partido, em uma desmilitarização inequívoca da Ucrânia e uma reversão da expansão da OTAN. Ele pensou, "por que precisamos de um mundo se a Rússia não está nele?”.
Qualquer resultado além desse será considerado uma derrota, o que reduzirá o leque de opções para uma solução negociada. Muito depende dos eventos in situ, desde a realização de objetivos políticos e militares pelas forças russas até as repercussões das sanções e a possibilidade de manifestações sociais na Rússia.
Pairando sobre tudo isso está a evolução das relações econômicas e de segurança entre a Rússia e a China e o dramático isolamento da Rússia das redes financeiras e comerciais globais.
Não há boas opções na guerra russo-ucraniana. Atualmente, o nível de confiança e vontade mútua de negociar é praticamente inexistente entre a OTAN, a Rússia e a Ucrânia. Apesar das rodadas de negociações entre a Rússia e a Ucrânia, existem poucos cenários em que todos ganham e muitos em que todos perdem.
Como em todos os conflitos, também se pode esperar que a motivação e a razão de ser do conflito mudem com o tempo. Mais do que nunca, porém, é imperativo que a OTAN e seus aliados expressem forte resistência à agressão da Rússia, identificando – e abraçando – todas as opções viáveis para a desescalada. Também é fundamental que a OTAN e a UE façam todo o possível para não demonizar o povo russo. Eles devem conscientizar os russos sobre o que a Rússia está fazendo com a Ucrânia, construindo pontes para fortalecer sua resistência a Putin e seu regime, em vez de aliená-los do ocidente.
Leia mais!
Receba o nosso e-mail semanal
Comentários
Aceitamos comentários, por favor consulte ás orientações para comentários de openDemocracy