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Lula, Marielle e os vínculos criminosos de Bolsonaro

A libertação de Lula ofuscou as recentes revelações de uma testemunha de investigação que confirmou os vínculos entre Bolsonaro e policiais acusados de assassinar Marielle Franco em março de 2018. Español

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12 Novembro 2019, 12.01
Marielle Franco. Wikimedia Commons.

Bolsonaro chegou à presidência do Brasil há menos de um ano e já foi o centro de múltiplas polêmicas. Várias se relacionam com seus questionáveis ​​vínculos com milícias, que agora o ligam ao assassinato da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, em 2018.

No início de seu mandato, em janeiro deste ano, Bolsonaro nomeou Sergio Moro como Ministro da Justiça, o controverso juiz que liderou os processos judiciais da Operação Lava Jato que também envolveu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Moro condenou Lula, o que o impediu de concorrer às últimas eleições presidenciais e, assim, abriu a porta para Bolsonaro vencer as eleições, anulando seu principal oponente.

Esta nomeação foi para muitos uma confirmação de que o caso contra Lula não foi imparcial, e sim altamente politizado. Dessa forma, críticos acreditam que Bolsonaro e Moro desempenharam um papel fundamental na prisão do ex-presidente, o que seria uma violação do devido processo durante a investigação e julgamento.

Agora, a libertação de Lula na última sexta-feira (8) depois de passar 19 meses na prisão, foi ordenada pelo Supremo Tribunal Federal, que estabelecer que um condenado só pode ser enviado para a prisão depois de esgotados todos os recursos. Lula ainda tem dois recursos pendentes.

No entanto, sua libertação ofuscou revelações recentes sobre uma testemunha que confirma os vínculos entre Bolsonaro e os acusados ​​de assassinar a vereadora negra LGBT+ e de esquerda Marielle Franco, em março de 2018.

O que devemos saber sobre as investigações recentes envolvendo o presidente no assassinato? E o que isso poderia significar para a democracia brasileira?

As investigações sobre Bolsonaro e Marielle Franco

Em março de 2019, um ano após o assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista no norte do Rio de Janeiro, dois ex-policiais militares foram implicados como autores intelectuais e materiais do crime. A partir do envolvimento deles, os vínculos entre esses policiais e a família Bolsonaro começaram a se tornar públicos.

As declarações de Bolsonaro, em que ele confessou ter pego as gravações da portaria de seu prédio para evitar que fossem alteradas, fazem dele um forte suspeito

Uma nova investigação do Globo revelou que pode haver ligações preocupantes entre Bolsonaro e os policiais acusados, Élcio de Queiroz e Ronnie Lessa.

Segundo a investigação - com base em testemunhos do porteiro do prédio Vivendas da Barra, onde o presidente Bolsonaro tem duas propriedades e onde Ronnie Lessa também vive - Queiroz entrou no mesmo dia e horas antes do assassinato de Marielle e disse que estava indo para o apartamento do então vice, Jair Bolsonaro .

O porteiro também afirmou que, sabendo que Queiroz iria visitar o apartamento de Jair Bolsonaro, ligou para confirmar que o visitante estava autorizado a entrar, o que foi confirmado por uma voz que o porteiro identificou como "Seu Jair" (Sr. Jair).

Embora Bolsonaro estivesse em Brasília no momento da reunião, o jornalista Luis Nassif depois confirmou que as comunicações entre o porteiro e os moradores são feitos por telefone celular ou telefone fixo, o que implica que Bolsonaro poderia ter autorizado a entrada apesar de não estar lá.

Ao conhecer essas revelações, Bolsonaro apareceu no Facebook Live, acusando o grupo Globo de lançar uma caça política contra ele e declarando que o porteiro foi forçado a mentir para acabar com sua carreira como presidente.

No entanto, suas declarações, nas quais confessou ter roubado as gravações da portaria de seu prédio para evitar que fossem alteradas, fazem dele um forte suspeito.

Bolsonaro pode não ter ordenado a morte de Marielle Franco, mas está claramente relacionado com aqueles que o fizeram. No entanto, o Ministério Público do Rio, responsável pela investigação, é altamente politizado em favor de Bolsonaro, o que provavelmente impedirá uma investigação legítima e completa dessas revelações recentes.

As conexões de Bolsonaro com militares e milicianos

Não é segredo que a família Bolsonaro tem conexões com supostos membros de milícias criminosas há décadas e, portanto, as recentes revelações que o vinculam ao assassinato de Marielle podem não ser tão surpreendentes. Uma conexão entre Bolsonaro e as milícias particularmente impressionantes é a do ex-policial e miliciano, Fabrício Queiroz.

Essas conexões alertam para uma estrutura criminosa na qual o atual presidente estaria envolvido por décadas

Fabrício Queiroz é amigo íntimo da família Bolsonaro há mais de 30 anos e existem várias fotos deles juntos que comprovam essa relação.

Queiroz foi assessor de Flávio Bolsonaro, filho de Bolsonaro e atual senador, quando era deputado estadual no Rio de Janeiro, e também existem reportes que dizem que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras encontrou transferências recentes de enormes somas de dinheiro entre as contas de Queiroz e Michelle Bolsonaro, a primeira-dama do Brasil.

Essas conexões alertam para uma estrutura criminosa na qual o atual presidente estaria envolvido por décadas, qual o presidente teria interesse em proteger agora que está no poder e potencialmente envolvido em um alto assassinato político.

Vimos como a democracia no Brasil foi erodida nos últimos anos por políticos que têm conexões com grupos criminosos e gradualmente destruíram o estado de direito no país.

Se Bolsonaro realmente estiver envolvido no assassinato de Marielle Franco, isso poderia representar um terrível golpe para a democracia brasileira.

A recente libertação de Lula não pode nos distrair desse caso extremamente preocupante.

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