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Oito pontos sobre os protestos indígenas no Canadá

Como em Standing Rock, o projeto de um oleoduto que atravessa o território da comunidade Wet'suwet'en gerou uma onda de indignação e protesto, destacando a hipocrisia do governo de Justin Trudeau. Español

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4 Março 2020, 9.40
A polícia militarizada se prepara para atacar o Last Child Camp, em Standing Rock, em fevereiro de 2017.
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Photo: Standing Rock Rising

Este mês começou com a notícia de que o governo canadense chegou a um acordo com a comunidade indígena Wet´uweten no controverso oleoduto que está sendo construído em suas terras na Colúmbia Britânica. No entanto, a realidade mostra que esse acordo não existe.

Acontece que o acordo anunciado, na verdade, diz respeite a terras indígenas: o governo canadense não respeitava ou via a estrutura de governança dessa comunidade como legítima e, portanto, não concedia mais de 22.000 km2 de concessão de terras, em tradicionalmente pertenciam a comunidade Wet'suwet'en. O acordo alcançado, portanto, é um grande avanço para a comunidade, porque inclui o reconhecimento das suas terras, mas não tem muito a ver com o que essa comunidade e o país vêm protestando há semanas.

Aqui estão oito pontos sobre os protestos das comunidades indígenas no Canadá:

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The Guardian: https://www.theguardian.com/world/2020/feb/10/canada-protest-indigenous-wetsuweten-pipeline

  1. Tudo começa com o projeto multinacional Coastal GasLink de construir um gasoduto que atravessa territórios indígenas, tanto no Canadá quanto nos Estados Unidos.
  2. Como protesto, vários membros da comunidade Wet´uweten, cujas terras seriam atravessadas por esse oleoduto na Colúmbia Britânica no Canadá, bloquearam a entrada de trabalhadores multinacionais com barricadas e outros objetos.
  3. Nesse momento, a polícia canadense invadiu e derrubou as barricadas dos protestantes, o que muitos viram como um ato violento.
  4. Diante dessa indignação, algumas comunidades indígenas, como os mohawks do outro lado do Canadá, e centenas de cidadãos, organizaram protestos em apoio aos Wet´uwet'en.
  5. Igualmente importante no resultado desses protestos foi a hipocrisia do governo canadense em relação as mudanças climáticas. Há alguns meses, o próprio Trudeau se manifestou ao lado dos cidadãos contra a falta de ação global, apesar de seu governo apoiar projetos como esse gasoduto que tem fortes implicações negativas para o meio ambiente.
  6. Por um lado, o governo tentou criminalizar os protestantes, até acusando-os de posse de armas. Por outro lado, os cidadãos se juntaram para apoiá-los.
  7. Em fevereiro, a polícia canadense prendeu 28 pessoas que protestavam contra o projeto no território de Wet´uwet. Isso desencadeou uma onda de protestos em todo o país, que resultou em bloqueios de ferrovias e até na mesma Estação Central de Toronto nos horários de pico.
  8. Apesar de tudo, o projeto ainda está em andamento e, embora haja progresso na titulação de terras, nada parece resolver a indignação na conclusão de um projeto como este, que custa 5,5 bilhões de dólares.

Não é a primeira vez que um projeto industrial ameaça comunidades indígenas no Canadá ou nos Estados Unidos (o caso de Standing Rock em Dakota do Norte é famoso há dois anos), nem é a primeira vez que as comunidades resistem. É uma história que se repete muitas vezes e que destaca a flagrante contradição de governos que são favoráveis ao meio ambiente, mas cedem à pressão de interesses econômicos e acabam agindo contra seus próprios cidadãos, neste caso, levando seus governantes a cometer atos contra suas próprias comunidades indígenas.

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