Philip também se tornou um ícone dessa visão de mundo: suas "piadas" racistas eram cuidadosamente proferidas em tom atrevido, como se fosse um menino impertinente zombando de algum tipo de poder, quando na realidade era ele que tinha o poder. É um tom que ele aperfeiçoou: Lembro-me dele usando-o nas três ocasiões em que o conheci. Mas elas escondiam algo mais insidioso.
O tio e mentor de Philip, Louis Mountbatten, foi o homem que fez mais do que qualquer outro para dividir a Índia. De fato, é extraordinário que William Windsor tenha batizado seu terceiro filho de Louis em homenagem a um dos maiores criminosos do antigo império e, no entanto, afirme que a monarquia "não é, absolutamente, uma família racista".
As atrocidades do falecido império britânico – desde campos de concentração na Malásia até castrações no Quênia – foram silenciosamente ignoradas. A função decorativa da monarquia sempre teve o papel de mascarar a violência do Estado, e Philip desempenhou um papel vital para dar vida a essa narrativa no século 20.
Se as nações modernas são comunidades imaginárias convocadas pela mídia e os estados feudais eram assuntos familiares, então a nova relação que ele criou fundiu as duas, dando origem a uma herança gaudiosa de churchillismo, revisionismo imperial, thatcherismo e, mais recentemente, o Brexit.
É claro que esta relação sempre foi tensa. Mas foi Diana quem a domou brevemente, antes de que a matasse. Como Anthony Barnett argumentou em seu livro "The Lure of Greatness" (A atração da grandeza, em tradução livre), ela se transformou na primeira celebridade populista, por quem Trump era obcecado.
O padrinho do nacionalismo anglo-britânico morreu no momento em que ele entra em crise, com tumultos na Irlanda do Norte enquanto os legalistas observam o risco da união da Irlanda, eleições na Escócia que provavelmente farão avançar o movimento pela independência, a divisão causado por Harry e Meghan e uma profunda perda de fé na classe dominante britânica.
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