Embora os números relativos a 2020 ainda não tenham sido publicados, especialistas e autoridades prevêem que a pandemia de Covid-19 aumentará os riscos de mortalidade entre aqueles que vivem com HIV, devido às restrições significativas no acesso aos serviços de saúde que temos visto.
"Espera-se que a Covid-19 agrave esta situação por causa de seu impacto nos serviços essenciais de saúde, especialmente em países com sistemas de saúde frágeis", disse Carissa F. Etienne, diretora da OPAS. "Por estas razões, devemos intensificar nossos esforços para proteger estes serviços e permanecer concentrados em nosso objetivo final de eliminar a Aids, que causa um sofrimento terrível", continuou.
Durante a pandemia de Covid-19, cinco em cada dez pessoas que vivem com o vírus na América Latina relataram dificuldades em obter seu tratamento antirretroviral e menos de duas em cada dez pessoas receberam medicamentos antirretrovirais em casa, de acordo com informações do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS).
A mesma pesquisa do UNAIDS mostrou que apenas três em cada dez haviam recebido a opção de receber atendimento médico online. Também chama a atenção que mais da metade das pessoas que vivem com HIV na América Latina (56%) responderam que temiam violência física, psicológica ou verbal por viverem com o vírus durante a crise da Covid-19. Além disso, três em cada dez pacientes disseram ter se abstido de procurar serviços de saúde durante a quarentena devido a esses medos.
O fechamento de fronteiras e a mobilidade restrita também impossibilitaram muitas pessoas que vivem com HIV em lugares de difícil acesso de buscar tratamento e medicamentos.
Para evitar o aprofundamento da crise do HIV durante a pandemia de Covid-19, os governos e as autoridades sanitárias devem garantir o acesso a pelo menos três meses de terapia antirretroviral de cada vez, aconselha o UNAIDS.
A situação nos países da América Latina
O Brasil, devido a seu tamanho e população, registrou o maior número de infecções na última década, totalizando um aumento de 21%. Espera-se que a situação continue a piorar no país, que já foi uma referência na luta contra o HIV. Em maio de 2020, o presidente Jair Bolsonaro tirou poder do órgão responsável pelo combate ao vírus, reduzindo-o a uma coordenadoria dentro do Ministério da Saúde.
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