Depois de praticamente um ano, a Bolívia voltará à normalidade institucional neste final de semana. No domingo (18), os bolivianos irão às urnas no que será uma repetição atrasada da votação de 2019, uma eleição tensa, crivada de acusações de fraude, em que um relatório da OEA declarou os resultados nulos. A situação desencadeou um período de turbulência política e protestos violentos.
Os bolivianos provavelmente terão como presidente uma figura conhecida na política do país. Os dois favoritos são o ex-ministro Luis Arce, do Movimento ao Socialismo (MAS), e o ex-presidente Carlos Mesa, da Comunidade Cidadã (CC), que enfrentou o ex-presidente Evo Morales e presidente do MAS no ano passado.
As pesquisas mais recentes antecipam um segundo turno, mostrando Arce com 42,2% e Mesa com 33,1% das intenções de voto. Arce teria que vencer no domingo com pelo menos 10 pontos percentuais de diferença, ou obter 50% mais um voto, para levar a eleição no primeiro turno, conforme ditado pela Constituição e pela lei eleitoral boliviana.
Independentemente de quem vença, a Bolívia já entrou em um círculo vicioso com o qual os latino-americanos estão mais do que acostumados: um presidente popular deixa o poder sem ter conseguido criar estruturas para dar continuidade a seu projeto, abrindo as portas para a polarização extrema.
As eleições de 2019 se deparam com a pandemia
Quando Morales foi forçado a renunciar – em um evento traumático que muitos consideram um golpe – os bolivianos sabiam que teriam um caminho difícil pela frente, mas certamente não calcularam a dimensão do problema.
Ao longo de 2020, a Bolívia enfrentou incertezas políticas em meio a uma pandemia global que atingiu a América Latina como nenhuma outra região do planeta.
Em 12 de novembro, após a renúncia de Morales, atualmente exilado na Argentina, Jeanine Áñez – figura polêmica no cenário político do país – assumiu a presidência interina por meio dos mecanismos de sucessão bolivianos.
Áñez promulgou a lei convocando eleições para 3 de maio. Mas já em fevereiro, a Covid-19 impôs mais uma barreira às eleições e serviu de argumento para prorrogá-las, em uma tentativa de buscar o momento oportuno para a candidata do partido no poder. Finalmente, o dia 18 de outubro foi definido como data final.
Os candidatos
Mesa governou a Bolívia entre 2003 e 2005, quando herdou a presidência de Gonzalo Sánchez de Lozada, que renunciou após a onda de protestos que surgiu em decorrência da Guerra do Gás. O povo voltou às ruas em 2005, desta vez para acusar Mesa de ceder aos interesses corporativos dos Estados Unidos, e ele também se viu forçado a renunciar em junho daquele ano.
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