O domingo não foi apenas uma eleição presidencial no Equador. Cuenca, a terceira maior cidade do país sul-americano, votou contra uma série de mega-projetos de mineração nas cabeceiras de cinco rios que fornecem água para a área urbana.
Na área, adjacente a um parque nacional declarado Reserva da Biosfera pela UNESCO, há mais de 4 mil grandes e pequenos corpos de água no sensível ecossistema do Páramo, que atua como uma reserva nos Andes.
No entanto, empresas do Canadá, Austrália, Peru, Chile, entre outros, já obtiveram um total de 43 concessões para a extração de vários metais. Catorze organizações populares lançaram um referendo, aprovado pelo Tribunal Constitucional em setembro, através da Câmara Municipal de Cuenca. No domingo, mais de 80% do eleitorado votou a favor da proibição da mineração industrial nesta parte do altiplano andino. Um mandato democrático claro, de acordo com a Constituição de 2008, que estipula os direitos da natureza.
Como o resultado do referendo é juridicamente vinculativo pela Constituição, o próximo presidente terá de implementá-lo. Durante a campanha eleitoral, muitos dos 16 candidatos à presidência apoiaram a expansão da mineração como forma de tirar o país da crise econômica.
Apenas um deles se manifestou abertamente contra a mineração e a expansão da fronteira petrolífera na região amazônica: Yaku Pérez Guartambel, o candidato do movimento indígena e sua organização política Pachakutik.
A eleição presidencial não será decidida até o segundo turno, em 11 de abril. O herdeiro político do ex-presidente Rafael Correa, Andrés Arauz, obteve 32,2% dos votos no primeiro turno e garantiu presença na disputa em abril.
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