As autoridades determinaram que Debanhi sofreu um golpe fatal na cabeça e que caiu na cisterna ainda com vida. Grupos feministas pressionam o Ministério Público de Nuevo León por respostas, especialmente em relação à demora em encontrar o corpo. Dois fiscais já foram demitidos por omissão e erros processuais, uma vez que funcionários foram diversas vezes ao motel antes de encontrarem Debanhi.
A história de Debanhi chocou o mundo, voltando a atenção mais uma vez para as milhares de mulheres que compõem a lista de feminicídios que assolam não só o México, mas a América Latina.
Mortas e desaparecidas no México
O de Debanhi é um dos 327 casos de mulheres desaparecidas relatados em Nuevo León apenas este ano. Em 22 de abril, grupos feministas de Monterrey organizaram protestos para exigir justiça para as mulheres assassinadas e desaparecidas.
No México, 11 mulheres são assassinadas e sete desaparecem a cada dia. Já são 748 desaparecidas em todo o país até agora em 2022, 46% das quais se concentram no Estado do México, Cidade do México e Morelos.
Segundo as Unidades de Prevenção da Violência e do Crime da Secretaria de Segurança e Proteção do Cidadão (SSPC), em 2020 foram abertos 949 casos de feminicídio no México e, em 2021, 977, dos quais 18% envolviam menores de 18 anos. Além desses números, o Instituto Nacional de Estatística e Geografia (Inegi) contou 1.844 homicídios de mulheres, em 2020, e 1.200, em 2021.
Em 1993, Esher Chávez Cano começou a anotar os nomes das mulheres mortas em notas publicadas nos jornais de Ciudad Juárez, no norte do México. Naquela época, o termo feminicídio, definido como o homicídio de uma mulher por questões de gênero, começava a ganhar importância na região. Juarez ilustra a impunidade que domina os casos de violência contra a mulher no México.
Nos últimos 30 anos, 2.376 mulheres foram assassinadas em Juárez e 282 seguem desaparecidas. Para relembrar os desaparecimentos, as famílias dessas mulheres enterraram cruzes em postes, árvores e paredes. Estes índices alarmantes de femicídios e desaparecimentos são frequentemente atribuídos a uma combinação de machismo, redes de tráfico e grupos ilegais. Apesar da situação agravante, o estado pouco fez nestes 30 anos desde que Esther começou a preencher seu caderno com nomes de mulheres assassinadas.
Um mal regional
A América Latina tem os piores índices globais de feminicídios. Honduras é um dos países que encabeçam a trágica lista, com 4,7 mulheres assassinadas por cada 100 mil habitantes. Em 2021, foram registrados 381 feminicídios no país.
Em 2021, a República Dominicana registrou 152 feminicídios, o segundo mais alto da América Central.
A cada dia, 16 meninas e mulheres desaparecem todos os dias no Peru. Durante a quarentena de três meses e meio adotada durante a pandemia de Covid-19, 900 mulheres foram dadas como desaparecidas. Em 2021, o Peru registrou mais de 5,9 mil mulheres desaparecidas e 147 feminicídios.
No Brasil, maior e mais populoso país da região, pelo menos 56.098 mulheres foram estupradas em 2021. Em 2020, um feminicídio foi cometido a cada sete horas, totalizando 1.350 feminicídios, em sua maioria cometidos por ex-parceiros ou companheiros das vítimas.
Mais de 900 mulheres estão desaparecidas desde 2012 na Colômbia. Em 2021, os feminicídios aumentaram 12,3% em relação ao ano anterior: 210 mulheres foram assassinadas em casos de violência machista, a maioria com menos de 30 anos.
Na Argentina, 140 mulheres foram dadas como desaparecidas este ano. Em 2021, houve 222 feminicídios e 182 tentativas de feminicídio. Os principais perpetradores são parceiros e ex-companheiros das vítimas.
Na Venezuela, um dos países mais perigosos do mundo, houve 256 feminicídios em 2021 e mais de 200 mulheres foram dadas como desaparecidas.
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