As terras habitadas por indígenas abrigam 80% da biodiversidade que resta no planeta, não porque esses povos tiveram a sorte de ter terras mais ricas, mas porque, ao contrário da sociedade 'moderna e civilizada', souberam protegê-las e conservá-las. Em um mundo atolado em uma crise climática sem precedentes na história moderna, a humanidade ainda pode viver neste planeta graças à existência desses povos indígenas que continuam a proteger nossa biodiversidade.
Assim, se os governos do mundo querem realmente assumir um papel de liderança na proteção do planeta e não em destruí-lo, devem concentrar seus esforços no ataque aos verdadeiros motivos que o estão causando. Do contrário, medidas como a de proteger 30% do planeta serão inúteis e permanecerão como estratégias para desviar nossa atenção e poder continuar poluindo impunemente.
Em seu famoso livro Propaganda, de 1928, o sobrinho de Sigmund Freud e pai da propaganda moderna, Edward Bernays, explicou como ligar as emoções das pessoas a qualquer teoria pode fazê-las aceitar coisas inúteis ou aderir a ideias totalmente desnecessárias. Suas teorias em torno da "arte da manipulação" conseguiram, na época, desviar a atenção do mundo do problema do câncer de pulmão ligado ao cigarro, direcionando-a para a poluição atmosférica. Até conseguiu desviar a atenção mundial da morte de milhões de abelhas no mundo ligada ao uso de agrotóxicos, direcionando-a para um parasita que as abelhas sempre carregaram.
O que vivemos atualmente com a iniciativa de proteger 30% do mundo é exatamente o mesmo. Estamos diante de um cenário de propaganda e manipulação da opinião pública orquestrada por países, que, aproveitando o mal-estar global e a preocupação com o aquecimento do nosso planeta, querem novamente nos enganar com soluções que nada têm a ver com o problema em questão.
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