democraciaAbierta: Interview

Jean Wyllys: Coragem é seguir vivo

“Eu não tenho do que me arrepender. Já a imprensa e a direita brasileiras não podem dizer o mesmo”. *Versão integral de entrevista concedida ao jornal O Globo

Jean Wyllys
3 Abril 2023, 10.15

Jean Wyllys fotografado na exposição de seu trabalho no Palacio de la Virreina em Barcelona, Janeiro 2023

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1) Jean, você manifestou seu desejo de retornar ao Brasil “em breve” (entrevista ao Splash, do UOL, em colaboração com o Sul 21, em janeiro - “Eu fiz tanto pelo governo Lula, (...) eu quero voltar e vou voltar agora”). Já há uma data estimada? Quais seriam as condições de segurança que o governo federal precisa oferecer a você e aos outros exilados perseguidos por extremistas para o retorno?

Ainda no há uma data estimada. A única coisa que sei é que quero voltar e vou voltar. Meu amigo Fernando Salis está trabalhando para levar para o Brasil minha exposição “Desexílio”, que esteve em cartaz no Palau de La Virreina - um dos espaços expositivos mais prestigiados da Europa - de novembro do ano passado a janeiro deste ano. Quando fecharmos a data da exposição aí, aí terei uma data concreta para voltar.

Quanto às condições de segurança, eu espero que o novo governo conceda a medida cautelar de proteção à minha vida requerida pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, mas negada pelo governo de Michel Temer, que nasceu de um golpe ao qual eu resisti bravamente. Talvez por isso mesmo - por eu ter sido tão central na resistência ao golpe dentro do parlamento e nas mídias sociais - o governo de Temer tenha negado a proteção à minha vida, e negado que existia contra mim a violência organizada pela extrema-direita que depois se estendeu a outras pessoas, inclusive aos ministros do STF.

Então, eu espero que o governo Lula, não só no plano simbólico, mas também no sentido prático, dê as condições para que pessoas como eu, Marcia Tiburi, Debora Diniz e outros exilados possam voltar para o Brasil e seguir atuando intelectual e politicamente.

2) Você é um ser político, disputando eleições, no jornalismo (como “o informante” na versão brasileira do Open Democracy) ou em sua arte. É, também, voz importante da esquerda brasileira. Qual seu desejo de participação na arena pública nesta volta ao Brasil? Consideraria um cargo no governo Lula? Houve convite? Voltaria a disputar eleições? A militância partidária, filado ao PT que é, ainda te interessa? De que modo você gostaria de interagir com o país de Lula-3?

É tão difícil fazer afirmações sobre o futuro… O que eu poderia dizer agora, neste momento, é que eu não tenho qualquer vontade de retornar ao parlamento; de fazer campanha eleitoral para pra qualquer cargo que seja, legislativo ou executivo. Creio que já fiz minha contribuição nesse sentido.

Fiz dois mandatos de vanguarda que já entraram para a história, e abri o caminho para muita gente bacano que veio depois. Penso que posso contribuir com o novo governo Lula pensando políticas públicas nas áreas em que transito; um tipo de inteligência estratégica que possa ajudar o governo a fazer a nossa tão sonhada interseccionalidade; um lugar que me permita devolver o que acumulei de experiência e que aproveite as relações internacionais que estabeleci no exílio.

Contudo, dizer que posso contribuir dessa forma não significa que isto vá acontecer. Não tive qualquer convite por parte do governo ou do partido. E é muito importante que fique claro que tudo que eu fiz em defesa do governo Dilma; na denúncia dos abusos da Lava Jato; na defesa intransigente da inocência de Lula quando ele era considerado “radioativo” até mesmo por parlamentares do PT na época de sua prisão (dos anti-lulistas do PSOL eu nem vou falar, tampouco dos oportunistas!); no enfrentamento da extrema-direita no momento em que esta era sequer reconhecida; e na restituição da democracia no Brasil; tudo que eu fiz, inclusive a filiação ao PT como forma de fortalecer a futura candidatura de Lula, não foi esperando nada em troca, nem mesmo “obrigado!”.

Não sou do tipo que faço cálculo político. Tenho princípios e paixão. E também discernimento (rs): lealdade e gratidão não são os fortes da política no Brasil.

3) O quão difícil foi renunciar ao mandato de deputado federal e aos votos dados por milhares de eleitores fluminenses? Como vê o avanço do bolsonarismo no Estado, a possível candidatura de Flavio Bolsonaro à prefeitura da capital e a fragilidade da esquerda local?

Jamais conseguirei expressar o quão difícil, o quão doloros, quão sofredor foi aquele momento em minha vida e na vida de minha família. Aquela decisão mudou o rumo da minha história, claro, mas eu não tinha alternativa. Ou abria mão do mandato ou morreria. Era uma escolha entre seguir vivo ou ser destruído por completo.

Após o assassinato de Marielle Franco a violência contra mim se intensificou. Antes do assassinato dela, em 2016, eu escapei por pouco de um linchamento na Lapa no qual morreríamos eu e dois dos meus assessores, Rodrigo e Mira. A partir da morte de Marielle, eu passei a viver em cárcere privado e acompanhado por seguranças sem ter feito mal e ninguém, sendo uma pessoa absolutamente honesta e boa. Não, você não tem ideia dos danos que essa violência me causou e de como me vi só - porque, de fato, eu estava só - nessa luta.

Pedro Abramovay, Fernando Salis, Noemia Boianovisky, James Green, Flávio Elias, Sidney Chalhoub e Fernando Tibúrcio foram pessoas que sabiam mais de perto, cada um à sua maneira, o horror que eu estava vivendo. E cada uma à sua maneira me ajudou a tomar essa decisão e a sair e me manter fora do país. Eu era ameaçado de morte até por taxistas no Rio. O Rio de Janeiro virou um narco-estado, em que as fronteiras entre instituições e crime organizado estão borradas.

Não me espanta, portanto, que um escroque como Flávio Bolsonaro pretenda, depois de todos os crimes que seu pai e seu irmão perpetraram contra tanta gente, ser prefeito da capital desse estado, onde todavia o problema é mais grave. Chocante é a maior parte da “elite” desse estado ter se permitido chafurdar nessa merda. Para sorte dos fluminenses, ainda há no Rio uma esquerda ilustrada que resiste e à qual agradeço os votos. Esta, contudo e infelizmente, não tem o poder de garantir a vida. E o terrível assassinato de Marielle Franco está aí para provar isto.

4) Como você qualificaria sua experiência como parlamentar em anos de crescente polarização política? E como responde aos que apontam episódios protagonizados por você, como o cuspe em Jair Bolsonaro e os embates com Marco Feliciano, como cenas que acabaram por aumentar a projeção de seus antagonistas? Teria sido possível/melhor ignorá-los ou combatê-los de modo menos explícito? Hoje, com algum distanciamento, você faria algo significativo de modo diferente em relação à sua atuação no Congresso?

Claro que não faria nada de diferente. Sua pergunta seria ingênua se não tivesse como objetivo tentar culpar a vítima pelo crime. O Brasil sempre foi um país polarizado. E pelo que eu sei de nossa história, para ficar só na mais recente, foram os arautos da “tradição, família e propriedade” ou os que falavam em nome de “Deus, pátria e família” que torturaram, assassinaram e exilaram pessoas de esquerda.

Foi nesse país que Chico Mendes foi executado. Foi nesse país em que, em 1989, quando eu era um menino, uma televisão manipulou um debate eleitoral contra um candidato de esquerda, o Lula. Então, não me venha com perguntas mistificadoras sobre uma polarização que sempre esteve aí, antes mesmo de eu nascer.

Crer que minha bravura em enfrentar escroques que me insultavam, assediavam-me e me ameaçavam aos olhos de uma imprensa covarde - para não dizer quase cúmplice deles - era o que “promovia” uma extrema-direita com igrejas milionárias, horários comprados em tevê aberta e estruturas partidárias poderosas; crer nisto é quase um insulto à minha inteligência.

Quando a extrema-direita decidiu me usar de escada e de bode expiatório, e a esquerda e a imprensa que se diz democrática se lixaram para isto, o que me restava era me defender e defender a agenda política que eu representava. Era ter a coragem que ninguém teve.

Se vocês, da imprensa, em vez de me atacar por ter cuspido na cara de um apologista da tortura que me insultou numa noite decisiva para o país, tivessem cobrado das instituições uma punição para o apologista da tortura, talvez o país não tivesse elegido uma genocida. Já pensou como seria tudo diferente? Eu não tenho do que me arrepender. Já a imprensa e a direita brasileiras não podem dizer o mesmo.

5) O que é a pauta de Direitos Humanos hoje, pós-Bolsonaro, e especificamente a voltada para nós, pessoas LGBTQUIA+? E como espera ser recebido pelos militantes que seguiram lutando no Brasil contra a homofobia durante o governo Bolsonaro?

A pauta LGBTQIA+ é diversa. Hoje ela não me interessa mais do que a defesa da democracia e o combate à desigualdade social e ao aquecimento global, até porque os mais vulneráveis a estes são os que já são vulneráveis em função do gênero, orientação sexual e/ou etnia. Parte da agenda e da comunidade foi cooptada pelo mercado e pela publicidade, ao ponto de casais gays burgueses se darem “ao luxo” de atacar imigrantes e de serem racistas.

Quanto a ser recebido, eu não espero nada. Não sou herói de nada. Sou um ativista.

Os ativistas que ficaram no Brasil lutando contra o governo Bolsonaro não fizeram mais do que eu fiz fora dele denunciando esse mesmo governo em instâncias internacionais. Se você não se lembra, eu lhe lembro: eu fui atacado em plena ONU em Bruxelas por uma diplomata do Ministério das Relações Exteriores de Ernesto Araújo por denunciar a homofobia da extrema-direita brasileira e de Bolsonaro. Algo que nem ditaduras como a Arábia Saudita fizeram com representantes da oposição.

É muito fácil para vocês se esquecerem disso. Para mim, não. E segui fazendo muito mais pelo coletivo daqui do que muita gente daí que virou ativista de rede social para ganhar dinheiro. Quanto a ser recebido, eu não espero nada. Não sou herói de nada. Sou um ativista. Com discernimento e conhecimento. E memória. Lembro-me muito bem o quanto boa parte da comunidade LGBT se engajou nas fake news contra mim; lembro-me muito bem do quanto bichas e sapatões, em função de sua homofobia internalizada, ofenderam-me sob a desculpa de que acreditavam nas mentiras contra mim. Não tenho ressentimentos. Mas não sou idiota ao ponto de idealizar o que não pode nem deve ser idealizado por mistificações e falsas narrativas.

6) Há quem entenda se exilar por medo (e isso, talvez, corrija-me por favor se estiver sendo ingênuo, é ainda mais intenso com a ameaça da extrema-direita contemporânea do que da violência institucionalizada do Estado, como no caso da ditadura civil-militar de 1964-85) como um tipo de covardia, um ato de retroceder, de abandonar, de algum modo, o palco da luta. Por outro lado, há momentos críticos em que denunciar a opressão, as ameaças de morte, seguir vivo, é ato de inequívoca coragem. Você lidou com esta questão? Houve um momento específico em que você percebeu que não poderia mais ficar?

Coragem é seguir vivo. A Europa Ocidental, Estados Unidos e Canadá abrigam muitos intelectuais exilados de democracias destruídas pela extrema-direita. A ninguém aqui lhe ocorre questionar essa pessoa sobre sua decisão. Afinal, trata-se de uma vida que precisa seguir viva para que a luta continue. Quando se é rico, como Felipe Neto, ou quando se é hétero, branco, cis e, por isso, conta-se com a solidariedade dos demais, imagino que se possa seguir por mais tempo no “palco da luta”.

Quando se trata de alguém como eu ou como Marielle ou como Márcia Tiburi que viemos de famílias pobres da periferia, e que, por nosso gênero, orientação sexual e/ou classe social não contamos com a empatia, fica mais difícil bancar o herói ou a heroína no “palco da luta”. Acaba-se morto e depois convertido em mártir, quando muito.

Mas a quem convém nosso martírio? A mim me convém a minha vida. Eu segui vivo e lutando. E consegui junto com todas e todas derrubar no voto o governo de extrema-direita. O resto é o rancor de quem me queria derrotado. Estou sem um arranhão da caridade de quem me detesta.

7) Você vem falando da necessidade de ‘desbolsonarização’ do país, não apenas do governo, mas da sociedade. Como imagina esse processo e como atravessar a linha fina entre a denúncia de crimes, incluindo atos antidemocráticos, um trabalho de educação da sociedade, e a revanche política?

A desbolsonarização e o combate ao antipetismo são ações que devem ser feitas em conjunto. Eu tenho algumas ideias de como fazê-las. Não vou detalha-las aqui, porque não cabe. Mas, se não as fizermos, o que nos restará será puxar a cadeira, sentar e esperar… a história se repetir.

Enfrentar a extrema-direita e sua ideologia em todos os níveis, inclusive no plano das políticas econômicas, não é revanche política: é justiça. Sem responsabilização dos culpados não pode haver reconciliação nem aprendizado para o futuro.

8) O governo de união nacional costurado por Lula pode funcionar mesmo com um Congresso ultraconservador e o fatiamento de cargos públicos nos segundo e terceiro escalões para partidos aliados que participaram do governo Bolsonaro? Você vê, por exemplo, a escolha da ministra Daniela do Waguinho, acusada de ligação com a milícia, como um desgaste evitável (achei interessante sua ponderação de que ela é agora tratada pela grande imprensa como ‘ministra do Lula’ e não deputada do União Brasil, mas não são duas verdades?)

Creio que num governo nascido de uma frente ampla inclusive com setores da centro-direita contra o fascismo é inevitável que o presidente ceda cargos neste governo aos partidos da frente. E creio que não seja da responsabilidade do presidente a vida pregressa do político que esses partidos indicaram para os cargos. Daí ser desonesto intelectualmente por parte da imprensa apagar o nome desses políticos e chamá-los de “ministros de Lula”. No mais, não faço parte do governo, portanto, não vou ficar aqui explicando nem justificando sua composição. Acho que Lula e o PT devem ter aprendido algo com os erros dos governos anteriores. Assim espero.

9) Neste período de exílio, estabeleceu-se uma rede entre os exilados vítimas da perseguição de extrema-direita? Há conversa sobre algum tipo de atuação conjunta na volta ao país?

Sim. Não só as vítimas da América Latina como as do leste Europeu. Na terça-feira eu estava no Parlamento Espanhol, em Madrid, em reunião com parlamentares e lideranças organizada pela Fórum de Ação Comum, justamente para tratar dos termos da solidariedade internacional.

10) Você foi uma das vítimas mais notórias de fake news no país. Foi acusado, entre outras mentiras, de apoiar a pedofilia por um ex-deputado que, aliás, hoje é parte da frente ampla anti-bolsonarista. Qual a melhor maneira de enfrentar esta indústria da mentira? É raso o discurso que opõe liberdade de expressão a difamação, precisamos criar novas e mais rígidas maneiras de punição?

Eu não sei de que deputado você está falando. Mas todos os e as canalhas criminosos e criminosas, com mandato ou não, que integraram a rede de mentiras e fake news contra mim foram processados ou estão sob processos, muitos dos quais eu venci. E venci porque a verdade está de meu lado. Não me importa o quanto o PT capitule diante da desinformação, eu pessoalmente não vou ceder tampouco esquecer.

Dedico-me a um doutorado sobre o tema na Universidade de Barcelona. Estive no ALARI do Hutchins Center de Harvard pesquisando o tema. Sou vítima da desinformação e decidi fazer desse limão uma limonada.

O que eu posso dizer, por hora, é que, no momento, a internet e as mídias sociais são um tipo de “velho oeste” ou de Amazônia, territórios onde o império da lei ainda não chegou. Daí criminosos reivindicarem ali um direito - o direito a assassinar reputações, logo, vidas em última instância, impunemente- direito que no mundo real e analógico não têm. Mas as sociedades humanas serão capazes de conter também este mal. Já estamos caminhando nesse sentido.

11) O que você perdeu de mais significativo com sua ausência física do Brasil por quatro anos, quais foram as maiores dificuldades (inclusive financeiras) e, paradoxalmente, o que ganhou? (Paralelo completamente inexato, mas me ocorreu que fui correspondente e NYC por 14 anos e forçosamente aprendi sobre meu país ao ter de observá-lo, senti-lo de longe. Fico curioso para saber se isso aconteceu com você também)

A resposta a esta questão está melhor detalhada no livro que Marcia Tiburi e eu escrevemos juntos e que está nas melhores livrarias reais e virtuais: “O que não se pode dizer”. Sugiro que as pessoas o leiam.

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Jean Wyllys e Marcia Tiburi, fotografados em Barcelona com o seu livro "O que não se pode dizer"

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12) Você faz em Barcelona um doutorado, correto? Pode contar um pouco mais do que estuda na cidade e se é possível terminar seu doutorado daqui? E se a sua produção nas artes plásticas tem paralelo com o mergulho acadêmico?

Estou na fase da escrita da tese, o que posso fazer de qualquer lugar. Mas eu integro um grupo de intelectuais catalães ou radicados aqui que pensa as questões que afligem o Brasil e o mundo. Com uma dessas pessoas, a antropóloga e tradutora Julie Wark, eu tenho escrito uma série de artigos para Counter Punch que virarão um livro.

Desenvolvo com Francesc Badia o projeto “O informante”, alicerce da versão brasileira de openDemocracy / democraciaAbierta. Meu trabalho em artes visuais está intimamente ligado a tudo isto, e ele chamou a atenção por tudo isto. Daí eu ter inaugurado um espaço expositivo na Fábrica de Artes Roca Umbert - poderoso equipamento de cultura de Granollers - e ter exposto no Palau de La Virreina ao lado do cineasta português Pedro Costa. A minha dedicação às artes visuais nasceu quando eu notei que o texto estava ameaçado pela desinformação e pela patrulha do politicamente correto.

13) Inevitável: vê o BBB? Considera que o programa ainda é um palco interessante para se tratar de temas centrais para a sociedade? O que acha da atual edição, se simpatiza com quem?

Não. Não tenho tempo.

Mas acho - só acho - que o programa hoje serve à guerra de fandoms e ao tribunal do cancelamento. Creio que hoje pouco se extraia de politicamente efetivo, uma vez que o mundo comum foi destruído em bolhas que falam para si mesmas, e não para fora, como acontecia quando eu participei. A vida era outra: acho até que era em sépia e eu usava maria-chiquinha (risos).

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