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A trágica corrente: 133 vidas roubadas por reportar

A seguir estão os 9 obituários dos jornalistas mortos no México em 2019, parte dos 133 registrados na linha do tempo entre 2000 e 2020.

SinEmbargo MX democracia Abierta
22 Julho 2020, 3.57

Diferentes em suas condições, estas são as biografias de seres comprometidos com o jornalismo no momento em que este país se tornou um campo de batalha. Eles foram silenciados, mas seus legados não. Este memorial tem o objetivo de honrá-los para sempre. Para ver todos os 133 obituários, clique aqui.


Diferentes, brilhantes em suas causas, mestres de sua própria escrita, as seguintes vidas são apenas 10 entre 133 jornalistas assassinados no México de 2000 a 2020. Estas são as vidas perdidas em 2019.

As mortes dos 133 jornalistas são incomparáveis, pois cada uma ocorreu nas mãos de inimigos diferentes, em áreas diferentes e em anos diferentes. Mas são semelhantes porque envolvem pessoas que tomaram as rédeas do nobre objetivo de reportar.

A precariedade de suas condições nunca impediu suas viagens para as montanhas remotas ou para o submundo da máfia. Muitas vezes, se tornaram empresários a fim de ter um meio de publicar ou apresentar notícias. Outros combinaram o jornalismo com outros ofícios para obter uma renda decente. Ao morrer, deixaram para trás a cobertura da política, do tráfico de drogas, do roubo de dinheiro público, da pobreza, da desapropriação da terra dos povos nativos e da ruína das praias, das florestas e das selvas.

Em dezembro de 2006, o então Presidente Felipe Calderón Hinojosa (2006-2012) focou seu governo em uma política de segurança nacional. Em menos de dez dias, usando indicadores apressados e fracos, conseguiu justificar a necessidade de declarar uma guerra contra grupos criminosos.

Em pouco tempo, passou do papel à ação. Mais tarde, ele negou que seu projeto equivalia a "uma guerra". Mas já era tarde demais. O México havia se tornado um campo de batalha. A violência – persistente nos anos anteriores – havia se tornado ainda mais obstinada e persistiu até a próxima administração, a de Enrique Peña Nieto (2012-2018).

Vidas foram estilhaçadas. Sonhos foram perdidos. O negócio do tráfico de drogas se ramificou com um crescimento sem precedentes. E reportar – ir tocar a alma dos protagonistas para entender sua experiência e contá-la – tornou-se uma atividade de alto risco.

Foi assim que os assassinatos de jornalistas começaram a se multiplicar. As histórias de repórteres, fotojornalistas e cinegrafistas se integraram ao monstro de mil caras, na contagem de vítimas.

Mas algumas delas foram diluídas no tempo. A busca dos rastros de um jornalista que morreu há duas décadas, leva a túmulos misteriosos. As autoridades não deram seguimento aos casos, as famílias se mudaram e os colegas não querem falar sobre alguns casos particulares.

Na república mexicana, 11 entidades contam com leis que criaram mecanismos de proteção; duas têm vínculos com o Mecanismo Federal de Proteção, no Ministério do Interior. Enquanto isso, 11 estados têm iniciativas não aprovadas e as sete entidades restantes, não têm propostas de legislação. Para sete jornalistas, essas iniciativas não tiveram nenhuma utilidade. Eles também foram assassinados.

No entanto, estas são as histórias de suas vidas e a maneira como deixaram este mundo. Nenhum destes textos contém descrições post-mortem porque seu objetivo é preservar sua memória. Sua bela memória, que terminou injustamente.

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Rafael Murúa Manríquez

20 de janeiro de 2019

Área de trabalho: Rádio comunitária

2019 começou com tristeza. O jornalista Rafael Murúa Manríquez, fundador e diretor da primeira estação de rádio comunitária na Baja California Sur, Radio Kashana, foi assassinado e seu corpo encontrado no município de Mulegé, no norte do estado. Ele foi o primeiro comunicador assassinado do ano.

Tinha 34 anos de idade. Deixou três filhos.

Seus últimos anos de vida foram marcados por ameaças. Primeiro, por grupos do crime organizado e depois por funcionários do governo. Em 14 de novembro, Rafa publicou um post em sua conta do Facebook que dizia: "Nos primeiros 52 dias do governo de Felipe Prado (prefeito de Mulegé), sofri mais ataques e abusos de autoridade do que nos seis anos anteriores, desde que comecei a trabalhar como jornalista em minha cidade natal, Santa Rosalía... Pela primeira vez, me expressar sobre uma questão política, causou ataques a minha pessoa, minha família e minha propriedade".

O desaparecimento do jornalista, que também era membro da Associação Mundial de Rádios Comunitárias (AMARC), havia sido noticiado 24 horas antes do aparecimento do seu corpo.

A Artigo 19 (uma organização internacional que defende a liberdade de expressão e acesso à informação) e a AMARC México, documentaram que a última vez em que se soube alguma coisa sobre o jornalista, foi às 20h00 do sábado, 19 de janeiro.

Foi o que disse um familiar, cujo nome permanece anônimo por razões de segurança. "Rafael me ligou para perguntar se estava tudo bem. Não soube mais nada dele até as 2h da manhã (do dia seguinte) quando recebi a visita de uma pessoa, (cujo nome também é omitido por razões de segurança) que disse haver estado com Rafael, e que me informou que ele havia sido levado.”

A pessoa que informou a família, disse que os dois estavam juntos em um carro em frente a um prédio. Essa pessoa disse que desceu do carro para entrar no estabelecimento por alguns momentos e, quando saiu, encontrou as portas abertas e o motor ligado. Disse também haver visto um sujeito fugindo do local.

A Procuradoria Geral da Baja California Sur não tem nenhuma informação sobre o assassinato de Rafael.


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Santiago Barroso Alfaro

15 de março de 2019

Linha de trabalho: Cobertura do tráfico de drogas

Quem o matou, tocou em sua porta primeiro. O jornalista abriu, sem hesitar. Foi vítima de três disparos, um na clavícula esquerda e dois no abdômen.

Ele tinha 47 anos.

Santiago foi o quinto jornalista a ser assassinato no governo de Andrés Manuel López Obrador.

Santiago apresentava o programa de rádio San Luis Hoy na 91.1 FM Río Digital, foi diretor do portal de notícias Red 653 e colaborador da revista semanal Contraseña. O primeiro programa de rádio que organizou, foi na estação Radio Gallo. Além disso, trabalhando como jornalista, ele fez amplo uso do Facebook. Através da rede social, transmitia sua coluna "Sin compromisos" (sem compromissos). Um de seus últimos artigos relatava os nomes de uma série de pessoas em San Luis Río Colorado, ligadas à atividade criminosa de Joaquín "El Chapo" Guzmán.

Sua dinâmica de trabalho foi reconhecida por seus colegas no estado de Sonora. "Não importava quantas horas era necessário esperar, ou quantas vezes havia que retornar a um escritório ou a um ponto da cidade, para procurar informações. O objetivo tinha que ser alcançado: confirmar dados sobre problemas complicados como o narcotráfico e as drogas, ” descreveu o jornalista Jesús Manuel Ângulo, em um perfil escrito após sua morte.

Santiago se formou na Universidade Autônoma da Baja California (UABC) com um diploma da Faculdade de Ciências Humanas (1989-1993). Entre 1999 e 2005, trabalhou no jornal La Crónica de Baja California, onde começou como repórter e depois foi correspondente em San Luis, Río Colorado. Durante esses anos, publicou diversas reportagens sobre homens de destaque no narcotráfico, como Ignacio Coronel, Manuel Garibay Espinoza e Eduardo Barraza "El Pony".

Em 23 de dezembro de 2014, Santiago relatou em uma coluna, o caso de Manuel Garibay Espinoza, suposto traficante de drogas, preso em Mexicali, Baja California, em junho de 2014. Depois de passar quase quatro anos preso, Garibay foi solto sem processo criminal, apesar de ter sido acusado de planejar o assassinato do ex-comandante José Antonio Pineda Rodríguez em março de 2002.

Sete dias depois da morte de Santiago, agentes da Procuradoria Geral da República em Sonora prenderam um funcionário da prefeitura. As autoridades informaram que o principal motivo seria um relacionamento extraconjugal. A esposa do suspeito teria tido um caso com o jornalista assassinado. Com essa prisão, as autoridades descartaram completamente a possibilidade de um crime contra a liberdade de expressão. A acusação continua com essa linha de investigação.


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Telésforo Santiago Enríquez

2 de maio de 2019

Linha de trabalho: Cobertura do tráfico de drogas

Telésforo foi emboscado e morto no município de San Agustín Loxicha, na Sierra Sur de Oaxaca, quando dirigia para a estação de rádio comunitária Estéreo Cafetal 98.7 FM La Voz Zapoteca, da qual foi o fundador, diretor, e através da qual lutou pelo resgate da língua indígena. Era também analista e crítico dos governos locais.

Ele tinha 48 anos de idade.

Além de jornalista, era professor e pertencia à Seção 22 do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Educação.

Assassinado na véspera do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, ele se tornou o terceiro radialista comunitário e quarto jornalista a ser morto em 2019. Ele foi o sexto comunicador a ser morto à mão armada durante a administração de Andrés Manuel López Obrador. Poucas horas após o assassinato se tornar público, o Coordenador Geral de Comunicação Social da Presidência, Jesús Ramírez Cuevas, prometeu encontrar os culpados.

A estação de rádio publicou em sua página no Facebook: "nós, da equipe do Estéreo Cafetal, estamos consternados e indignados com o covarde assassinato de nosso diretor, colega e amigo, Professor Telésforo Santiago, que foi um grande exemplo de luta e trabalho em nome de seu povo”.

Em várias ocasiões, ele concorreu como candidato a prefeito.

San Agustín Loxicha é um dos 570 municípios de Oaxaca, em uma cadeia de montanhas atingida pela pobreza e por conflitos sociais. O Exército Popular Revolucionário, um grupo guerrilheiro que surgiu nos anos 90, foi formado ali. De 1996 até hoje, o Estado cumpriu 250 mandatos de prisão, das quais 200 ocorreram sob tortura. A falta de atenção do governo deu lugar à Organização dos Povos Indígenas Zapotecas (OPIZ) e a outros grupos clandestinos.

Telésforo havia recebido ameaças de morte em fevereiro.

A Procuradoria Geral do Estado de Oaxaca assumiu o caso, mas até agora não obteve resultados.


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Francisco Romero Díaz

16 de maio de 2019

Linha de trabalho: Informações gerais

Foi encontrado morto na colônia Ejidal em Playa del Carmen, Quintana Roo, na avenida 115, na frente do bar La Gota. Era conhecido pelo apelido "Ñaca Ñaca".

Francisco Romero foi o administrador e diretor da página de notícias do Facebook, Ocurrió Aquí, com mais de 70 mil seguidores. Também colaborou em diferentes mídias, em Playa del Carmen.

Um de seus últimos trabalhos foi cobrir um tiroteio no bar Cervecería Chapultepec, onde uma pessoa morreu e 11 ficaram feridas.

Ele ganhou fama por suas transmissões ao vivo da cena. Se houvesse um assassinato, um acidente ou uma prisão, os cidadãos o alertavam através das redes sociais. Ele era o primeiro a chegar.

O lábio leporino virou sua marca registrada. Ele não tinha problema com o apelido "ñaca ñaca"; pelo contrário.

Um de seus amigos e associados, Andrés Palafox, disse após sua morte: "Ele sempre dizia: se você não me entende, o problema não é meu. Não é minha culpa que você não saiba falar ñacañez. Porque ele era o “Ñaca Ñaca” e sua língua era supostamente ñacañez. Nós sempre brincamos com isso”.

"Ñaca ñaca" tinha uma esposa e um filho de seis anos.

Ele havia se apaixonado pelo jornalismo quatro anos antes, quase por acaso. Ele estava em sua moto de entrega, quando se deparou com uma cena: uma pessoa sob a influência de drogas havia roubado um cano de água. Enquanto fugia, ele atingiu vários carros em uma avenida, até que a polícia atirou e o deteve. Francisco começou a transmitir o evento ao vivo, e o vídeo viralizou. O público ficou cativado com a maneira como ele narrou o evento.

O vídeo foi visto pelo jornalista Rubén Pat, que o procurou e lhe ensinou o ofício de reportagem. Assim, se tornaram parceiros. Juntos, fundaram em 2016 o semanal Playa News, que chegou a ter 150 mil seguidores, quando a população da Playa del Carmen é de 200 mil habitantes.

A tragédia começou a ser escrita a partir desse ponto. As reportagens de ambos eram seguidas por cartazes com ameaças espalhadas pela rua. O Mecanismo de Proteção dos Jornalistas deu proteção a ambos, mas lhes foi de pouca utilidade: Ruben Pat foi morto em 24 de julho de 2018, na frente de um bar, por um suposto vendedor de rosas. Francisco morreu menos de um ano depois.


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Norma Sarabia Garduza

11 de junho de 2019

Linha de trabalho: Cobertura policial

Norma foi morta na frente de sua casa em Himanguillo, por dois homens que dispararam contra ela e fugiram em um veículo.

Ela tinha 46 anos de idade.

Norma era a mãe de um menino de 13 anos com dificuldades de aprendizagem, que ficou sem ninguém para cuidar dele depois de sua morte.

Aos sábados, ela deixava o equipamento de repórter e ia para a Universidad Popular de la Chontalpa, Tabasco, onde estava prestes a se formar em psicologia. Ela queria ser professora, depois de ser formar.

Após o assassinato, o jornal Tabasco Hoy, de propriedade da família Cantón Zetina, emitiu uma declaração condenando o crime e reconhecendo Norma como sua jornalista, onde havia feito carreira por duas décadas. Mas em uma carta pública publicada no Facebook, sua irmã Maty desmentiu a afirmação. Ela também relatou que a empresa nunca contatou a família, nem mesmo para oferecer condolências.

Norma também escrevia para o Diario Presente. Antes disso, ela trabalhou como secretária na escola primária Ramón Herrera, em Villa Chontalpa, Huimanguillo. Proveniente de uma família com poucos recursos econômicos, Norma começou a trabalhar ainda adolescente vendendo alimentos em uma banca de rua, para ajudar sua mãe, María Inés Garduza, e seus seis irmãos.

No jornalismo, se especializou na cobertura policial. Sempre se mostrou relutante em fazer a mudança para a cobertura política ou qualquer outra área.

Norma começou a receber ameaças em janeiro de 2019, quando cobriu um suposto sequestro envolvendo policiais.

Em 2014, Norma denunciou ao Ministério Público, Héctor Tapia Ortiz e Martín Leopoldo García de la Vega, diretor e subdiretor da polícia de Huimanguillo. De acordo com a denúncia, estes dois indivíduos a acusaram de extorsão, e também espalharam mensagens na cidade de que ela seria "presa". A queixa foi registrada na investigação preliminar PGR/TAB/CAR-II/121/2014.

Nem a denúncia das ameaças, assim como a investigação de seu assassinato, apresentaram qualquer progresso.


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Rogelio Barragán Pérez

30 de julho de 2019

Linha de trabalho: Cobertura policial

Rogelio foi sequestrado por 24 horas e logo assassinado. Seu corpo foi abandonado no porta-malas de seu próprio carro, um Volkswagen Jetta cinza, no município de Zacatepec, Morelos, onde viviam sua mãe e sua irmã. Ele apresentava sinais de tortura.

Sua mãe o identificou e foi ela quem o recebeu sem vida. Rogelio não tinha esposa ou filhos e uma das linhas de investigação sugere que seu assassinato estaria relacionado a seu caso com uma mulher que vivia em Zacatepec, de acordo com o Ministério Público de Guerrero.

Rogelio tinha 47 anos e tornou-se o décimo jornalista a ser morto durante o governo de Andrés Manuel López Obrador, autointitulado de quarta transformação. Sua morte transformou o México no país com o maior número de jornalistas assassinados no mundo.

Rogelio era diretor do portal de notícias Guerrero al Instante, em Chilpancingo, que confirmou sua morte. O jornalista escrevia para as seções judicial e policial. Rogelio trabalhava como jornalista há mais de uma década na região. Contribuiu para meios de comunicação como Ecos de Guerrero e Agencia Informativa de Guerrero.

Guerrero al Instante continua operando após sua morte, mas cada vez mais utiliza autores anônimos e um tom cauteloso em suas reportagens. Ele mesmo havia decidido parar de assinar seus artigos por razões de segurança, segundo a Repórteres sem Fronteiras informou após sua morte.

Um dos colaboradores de Guerrero al Instante anunciou que dois dias antes de ser morto, o jornalista teria pedido ajuda ao Mecanismo Federal de Proteção dos Defensores dos Direitos Humanos e Jornalistas. Ele teria dito que havia recebido ameaças de morte e que precisava deixar Chilpancingo. Rogelio se deparou com uma série de procedimentos burocráticos. O órgão exigiu um pedido de assistência narrando a exposição dos fatos, e disseram que entrariam em contato, com uma decisão.

Rogelio não chegou a saber a resposta.

Seu assassinato faz parte de um processo na Procuradoria Geral da República de Guerrero. Existem duas linhas de investigação separadas. Um enfoca em um possível crime passional; a outro na possibilidade de ter sido morto por exercer sua profissão de jornalista. O Ministério Público chegou a identificar uma mulher como autora do assassinato, mas não deu em nada.


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Édgar Alberto Nava López

2 de agosto de 2019

Linha de trabalho: Cobertura policial

No restaurante Casa Arcadia, Édgar recebeu um disparo que o matou imediatamente. Ele estava voltando da praia, onde havia feito um passeio com um grupo de crianças, como parte de um programa de atividades para turistas. Seu corpo foi deixado entre as mesas no local.

Édgar administrava a página de Facebook, La Verdad de Zihuatanejo há cinco anos e era diretor de Atividades Comerciais Industriais e Entretenimento Público da Prefeitura de Zihuatanejo.

Édgar exercia a função de funcionário público e jornalista ao mesmo tempo, algo comum na região sul do México. A precariedade é uma característica dos repórteres mexicanos e é ainda maior nas regiões semi-rurais do país. A região onde Édgar reportava é a mesma onde, em 2014, 43 estudantes da Escola Normal Rural Raúl Isidro Burgos desapareceram, um evento que chamou atenção internacional e ainda não foi esclarecido.

La Verdad de Zihuatanejo divulgava notícias sobre o governo municipal, assim como comunicados de imprensa. Operava, sobretudo, através das redes sociais.

A morte de Édgar foi comunicada através do Twitter e do Facebook pela organização Periodistas Desplazados y Agredidos AC (Jornalistas deslocados e atacados). A organização publicou o rosto de Édgar, ao lado de seu passe de imprensa.

Como funcionário público, suas funções incluíam a emissão de licenças para casas noturnas.

A família de Edgar Alberto pediu proteção através do Sindicato Nacional dos Editores de Imprensa, mas tentou não aparecer muito na mídia, depois de enterrar o jornalista. A agência pediu às autoridades locais e nacionais, medidas cautelares e ofereceu toda a assistência da lei para vítimas, "diante da violência incessante que reina no país, onde ser jornalista é mais perigoso do que ser um criminoso".

Mas este hermetismo cobriu o caso de silêncio, como acontece com outras mortes de jornalistas no México. A Procuradoria Geral de Guerrero assumiu o caso. Não apresentou um único adiantamento.


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Jorge Celestino Ruiz Vázquez

2 de agosto de 2019

Linha de trabalho: Cobertura policial

Jorge foi morto a tiros dentro de sua própria casa, em Actopan, Bocanita.

Veracruz, lugar que no passado se destacou por sua violência e pela morte de seus jornalistas, perdeu um de seus comunicadores mais antigos em 2019. Ele foi o primeiro comunicador a ser morto no governo de Cuitláhuac García Jiménez do Movimento de Regeneração Nacional, partido fundado por Andrés Manuel López Obrador e que o levou à presidência.

Ele trabalhou para El Grafico de Xalapa e, com suas reportagens, estava determinado a revelar os atos de corrupção do gabinete do prefeito de Actopan. Com 30 anos de experiência e quase 60 anos de idade, trabalhou em vários meios de comunicação de Veracruz. Ele conhecia bem os problemas de sua região. Seus vizinhos se lembram bem dele, pois foi quem ajudou a deter a construção de uma granja avícola, a qual o povo de La Bocanita se opôs..

Jorge já havia sobrevivido a disparos enquanto dirigia, de acordo com relatórios que apresentou à Procuradoria Geral de Veracruz (FGV). Após sua morte, o procurador geral do estado, Jorge Winckler Ortiz, disse em uma entrevista coletiva, que a Secretaria de Segurança Pública (SSP) recusou-se a dar-lhe proteção.

Em nota, a SSP afirmou que forneceu vigilância à residência do jornalista. A SSP disse que havia recebido pedidos oficiais do Ministério Público de proteção ao jornalista, depois que Jorge documentou crimes cometidos pelo prefeito da Actopan, José Paulino Domínguez. A secretaria continuou: "por respeito ao jornalista e sua família, esta será a última vez que a unidade lidará com o caso. A SSP não participará mais das ações midiáticas da FGE (Procuradoria Geral do Estado), que usa assuntos sensíveis e informações, para fins políticos".

O Governador de Veracruz, Cuitláhuac García Jiménez, escreveu em sua conta do Twitter:

"condenamos o covarde assassinato de um correspondente da mídia local, Jorge Ruiz. Encontraremos os responsáveis; seu assassinato não ficará impune. Estamos trabalhando há horas, na operação coordenada para capturar os culpados”.

Em novembro, a FGV prendeu uma pessoa durante o processo penal 379/2019; mas ele ainda não foi condenado. Nada se sabe sobre a autoria intelectual. A família prefere se manter no anonimato.


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Nevith Condés Jaramillo

24 de agosto de 2019

Linhas de trabalho: Cobertura policial

Seu corpo foi encontrado pela manhã, na comunidade de Cerro de Cacalotepec, no Estado do México, com pelo menos 100 ferimentos de um objeto cortante; quatro deles graves.

Condés Jaramillo tornou-se o quarto jornalista mexicano a ser assassinado em agosto e o décimo em 2019, de acordo com a organização Artigo 19. Sua morte enviou uma mensagem clara de que a violência contra os jornalistas não acabou, simplesmente porque o México elegeu um presidente de esquerda, Andrés Manuel López Obrador.

Condés Jaramillo tinha 42 anos de idade.

Ele vivia em Tejupilco, um município com mais de 70 mil habitantes no sul do Estado do México. Ele é sobrevivido por sua mãe, Maria Lourdes. Ele era solteiro e vivia sozinho.

Seu trabalho jornalístico concentrou-se na cobertura da Terra Caliente, que é composta por várias comunidades nos estados de Guerrero, Michoacán e México, e tem sido devastada pela violência nos últimos anos. Os principais problemas são o tráfico de drogas e a pilhagem de recursos naturais.

Através do El Observatorio del Sur – uma página no Facebook criada por ele – o jornalista foi um dos primeiros a relatar a queda de um helicóptero no município de Sultepec, após o tiroteio que eclodiu sobre a perseguição de um membro do cartel "La Familia Michoacana" pela polícia estadual em junho. Condés Jaramillo também escreveu sobre extorsão policial, falha na prestação de serviços públicos e outras queixas de cidadãos.

Em sua despedida, os habitantes do Tejupilco prestaram-lhe homenagem e reconheceram sua brilhante cobertura em questões sociais.

Cinco dias após o assassinato, o procurador geral do estado do México, Alejandro Gómez Sánchez, informou que há três linhas de investigação sobre o assassinato. Uma é pessoal e a outra está relacionada à sua atividade como comunicador.


Este artigo é parte de um projeto colaborativo entre SinEmbargo.MX e democraciaAbierta, apoiado pela Justice for Journalists Foundation.

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