Com o INE ninguém mexe. Esse foi o lema dos protestos das últimas semanas no México, provocados pelas reformas propostas pelo presidente mexicano Andrés Mnauel López Obrador ao Instituto Nacional Eleitoral (INE).
Os manifestantes protestam contra o que AMLO, como é conhecido o presidente, chamou de "Plano B", reforma do corpo eleitoral aprovada no Senado em fevereiro que visa reduzir o orçamento e funcionários do INE, instituição que organiza as eleições no México. A proposta também flexibiliza alguns aspectos do protocolo eleitoral.
Desde que assumiu o poder, em 2018, AMLO acusa o INE de não ser um órgão imparcial e de permitir fraude eleitoral. Sob esses argumentos, o mandatário prometeu modificá-lo. Essa percepção do presidente é antiga e remonta às eleições de 2006, quando acusou as autoridades de lhe terem roubado a vitória ao usar o INE (então denominado IFE) para validar uma suposta fraude eleitoral. O órgão determinou que o então candidato perdeu as eleições por uma estreita margem de 250 mil votos. AMLO também não reconheceu sua derrota em 2012, novamente alegando que a autoridade do IFE tolerou fraude eleitoral.
Agora, a aprovação do Plano B deu um fechamento legislativo à proposta presidencial. Em dezembro de 2022, algumas alterações na lei já haviam sido aprovadas. No entanto, a segunda parte da reforma havia sido adiada devido à cláusula de "vida eterna", o que gerou polêmica entre os partidos. Esse ponto polêmico permite a transferência de votos entre partidos da mesma coligação, o que favorece os aliados do Movimento de Regeneração Nacional (Morena) frente a uma oposição dividida.
Para dar continuidade ao projeto, o Senado mexicano aprovou as leis sobre as quais houve consenso, deixando o artigo "vida eterna" para ser debatido em uma discussão legislativa posterior. O que foi aprovado em fevereiro, mais o que já havia sido aprovado no ano passado, representa uma reforma que afetará a estrutura do INE.
Entre outras coisas, a reforma obriga o INE a eliminar cerca de 300 juntas distritais, que têm a seu cargo a preparação e realização das eleições. O projeto propõe substituí-las com escritórios dirigidos por uma única pessoa. Ele estabelece ainda a redução da estrutura de 32 conselhos locais, o que implica a eliminação de 262 cargos.
Responsáveis por garantir os direitos à identidade, associação política, igualdade e não discriminação, voto secreto, informação e transparência nas eleições, esses conselhos são fundamentais para a qualidade da democracia
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