Acuado pelas pesquisas de intenção de voto que apontam a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva já no primeiro turno das eleições, Bolsonaro e seu governo aprofundam suas táticas fascistas, que vão desde a mentira deliberada até o assédio jurídico, passando, claro, pela violência verbal.
Ciente de que vai perder as eleições, Bolsonaro e os militares de seu governo vêm jogando suspeição sobre o sistema eleitoral que o elege há mais de 30 anos, em relação ao qual ele nunca havia apresentado nenhuma queixa. A acusação é de que as urnas eletrônicas podem ser fraudadas.
Além disso, Bolsonaro tem espalhado nos grupos bolsonaristas no WhatsApp e no Telegram, grupos que não podem ser escrutinados por serem mídias sociais fechadas, que se o atual presidente não conquistar 70 milhões de votos é porque as eleições foram fraudadas. Detalhe: Bolsonaro foi eleito com 57,7 milhões de votos nas eleições passadas. Ou seja, ele não vai poder, nem poderia jamais, ter 70 milhões de votos — principalmente em uma eleição em que consistentemente aparece atrás de Lula.
Umberto Eco, no seu ensaio ‘O fascismo eterno’, aponta como uma das características do fascismo o chamado populismo seletivo, aquele em que a emoção ou a vontade de um grupo seleto de pessoas é confundido ou apresentado como a voz do povo, como a verdade absoluta. O populismo seletivo tem sido uma das armas de Bolsonaro durante esta campanha eleitoral. Aquilo que sua seita acredita ser verdade, é apresentado como a verdade.
Como ele tem apresentado aos seus seguidores a mentira de que as urnas eletrônicas serão fraudadas, os seus seguidores acreditam que ele terá impossíveis 70 milhões de votos. O contrário indica, sim, fraude eleitoral. A vontade de uma minoria, a emoção dos membros de uma seita – porque o bolsonarismo é uma seita – é apresentado como a vontade do povo, como a verdade.
Outra de suas táticas fascistas envolve um comportamento de Bolsonaro de longa data. Bolsonaro venceu as eleições perpetrando um discurso de ódio contra minorias — contra a comunidade LGBT, contra as pessoas pretas e pobres, contra os quilombolas, contra as mulheres, contra os povos indígenas e contra a esquerda de uma maneira geral.
Bolsonaro disse textualmente que ele, vencendo as eleições em 2018, levaria a dissidência e oposição política à “ponta da praia”, lugar de execução durante a ditadura militar. Em outras palavras, Bolsonaro afirmou que sua especialidade é matar.