Na quinta-feira, 29 de agosto, a Colômbia acordou em um velho pesadelo. O estrondo dos tambores de uma guerra de mais de 50 anos, que aparecia ter acabado com a assinatura dos Acordos de Paz em 2016, voltou a tocar.
A declaração em vídeo da retomada de armas por vários dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) que já se haviam desarmado foi um duro golpe, uma regressão ao passado.
No vídeo mencionado, reaparece o líder das negociações de paz em Havana e o número dois das FARC, Iván Márquez, que estava desaparecido desde abril de 2018.
Nove meses depois, em 15 de janeiro de 2019, Márquez publicou um vídeo clandestino no qual afirmava que "havia sido um erro" ter entregue as armas a "um Estado trapaceiro".
"Anunciamos ao mundo que a segunda Marquetalia começou", diz Márquez em um novo vídeo. Ao lado do "Paisa", outros pesos-pesados da guerrilha aparecem, entre os quais destacam-se o controverso ex-congressista Jesús Santrich, Henry Castellanos Garzón, conhecido como Romaña, e Walter Mendoza. Estão presentes todos os fantasmas do passado.
"É a continuação da luta de guerrilha em resposta à traição do Estado aos Acordos de Paz de Havana", diz Márquez com imponente solenidade, cercado pela aparência de combatentes armados, em uniformes militares.
Muitos na Colômbia se perguntariam se isso não passa de uma farsa, um "golpe de teatro" em que velhos veteranos de guerra se reúnem para lembrar os velhos tempos.
Mas para a maioria dos ex-combatentes das FARC, para os quais tem sido um esforço enorme se ajustar à nova situação, essa situação é vista como uma traição. É por isso que eles estão usando suas vozes para defender os acordos e se opor às declarações de Márquez.
Por tudo isso, apresentamos pontos chaves que você precisa saber sobre os recentes acontecimentos na Colômbia e o que a Venezuela e a atual política do governo colombiano têm a ver com o rearmamento de ex-combatentes.
Por que estaria envolvida a Venezuela?
A declaração do presidente colombiano Iván Duque, em reação à declaração de Márquez e sua gangue, não correspondeu às circunstâncias. Em vez de exigir que eles voltem à legalidade, ele acusou a "ditadura de Nicolás Maduro" de fornecer apoio e abrigo para ex-guerrilheiros dissidentes.
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