Por exemplo, o Primeiro Comando da Capital (PCC) pôde se dar ao luxo de substituir o tráfico terrestre de cocaína por voos clandestinos. O promotor do Ministério Público de São Paulo, Lincoln Gakiya, disse ao Valor Econômico que o PCC investiu em "helicópteros e pequenos aviões que podem levar 400 quilos ou 500 quilos de droga". Assim, o fechamento da fronteira Brasil-Paraguai "não causou muito problema para eles", explicou.
Portos menores assumem papéis maiores
O relatório do UNODC destacou como, devido ao maior escrutínio nos principais portos marítimos e à maior demanda por cocaína na Europa, os traficantes brasileiros aumentaram o uso de portos marítimos menores.
“A diversificação [dos portos] já havia sido observada antes da pandemia, mas tornou-se particularmente proeminente durante seu curso, e foi especialmente visível em termos dos países de destino da cocaína traficada dos portos brasileiros”, diz o relatório.
Enquanto o porto de Santos, o maior do país, continuou sendo um um dos pilares do fluxo de cocaína, outras opções no norte e no sul tornaram-se cada vez mais populares. De 2019 a 2022, o porto de Paranaguá, no Paraná, foi bastante usado para enviar cocaína para a Europa por um grupo ligado à máfia calabresa na Itália. Após sua primeira apreensão de cocaína em 2019, o porto de Natal tornou-se um dos pilares para o envio da droga para a Holanda. E a colossal operação de drogas de Sergio Roberto de Carvalho, um dos maiores traficantes de drogas do Brasil, usou qualquer porto disponível no Brasil para transportar dezenas de toneladas de cocaína para a Europa.
Este artigo foi originalmente publicado pelo InsightCrime em inglês e espanhol.
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