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Lula está solto, assim como a ira de Bolsonaro

Uma decisão do tribunal constitucional libertou Lula provisoriamente. Uma parte importante do povo brasileiro recebeu as notícias com esperança. Mas Bolsonaro reagiu com raiva e o chamou de "canalha". Español English

Danica Jorden
12 Novembro 2019, 10.21
El ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre la multitud de sus seguidores tras su discurso frente al Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, en San Bernardo do Campo, Brasil, 9 de noviembre de 2019.
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Imagen: Felipe Beltrame/NurPhoto/PA Images

Na última sexta-feira, 8 de novembro de 2019, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou a prisão em Curitiba e foi recebido por uma multidão de apoiadores, muitos dos quais acamparam nas proximidades desde o dia em que foi preso há um ano e sete meses.

No dia seguinte, com a voz já rouca, Lula falou por 45 minutos diante de milhares de apoiadores em San Bernardo do Campo, San, capital da indústria automobilística brasileira e o coração da atividade trabalhista no país. Era um mar vermelho, pois muitos usavam camisetas da cor do Sindicato dos Metalúrgicos, berço político de Lula e cujos escritórios serviam de pano de fundo para o discurso.

O Supremo Tribunal Federal finalmente foi forçado a admitir que Lula havia sido injustamente preso antes de seu apelo ser ouvido, o que vai contra a constituição do país. O ex-presidente havia sido acusado de aceitar como propina um duplex de frente para a praia, acusação que ocorreu no momento em que ele anunciou sua candidatura para retornar à presidência.

Ele foi rapidamente condenado a doze anos por corrupção, impedindo-o de concorrer com o ultraconservador Jair Bolsonaro, que acabou se tornando presidente.

Mas o duplex ainda não havia sido construído e Lula havia comprado um apartamento mais simples em um prédio mais atrás, longe da praia. No entanto, o juiz Sergio Moro considerou Lula culpado.

Moro foi posteriormente nomeado Ministro da Justiça pelo Presidente Bolsonaro. Em junho de 2019, Glenn Greenwald e David Miranda, do Intercept Brasil, publicaram um imenso estoque de documentos secretos que mostram "conspiração imprópria e antiética" entre o promotor-chefe Delton Dallagnol e Moro.

Lula declarou que se sentia repleto de energia para continuar lutando. Na noite de sexta-feira, ele disse nas mídias sociais: "Estou livre para ajudar a libertar o Brasil da loucura que está acontecendo neste país". No sábado, ele mostrou a simpatia que torna seus seguidores afetuosos e também, disse ele, a prisão o ajudou a "fazer amigos" e a "se preparar espiritualmente" para seu retorno.

Alternando entre dois microfones com defeito, ele descreveu suas raízes humildes no empobrecido nordeste do Brasil e as oportunidades que o sindicato e a solidariedade dos trabalhadores lhe proporcionavam.

“Eu nasci na cidade de Garanhuns (PE), eu saí de lá com sete anos pra vir pra São Paulo. Eu fui criado por uma mãe e por um pai que nasceram e morreram analfabetos. Eu sempre disse, desde 1979, que a evolução política que eu tive era resultado da evolução política do povo trabalhador deste país... Eu devo tudo que eu tenho a essa mãe que vi nascer e morrer analfabeta, devo a esse povo do sindicato e a esse sindicato”, afirmou, apontando para a sede da o Sindicato dos Metalúrgicos, onde, no início de sua carreira, recebeu cursos de ciência política e economia

"[Bolsonaro] foi eleito para governar para o povo brasileiro e não para governar para os milicianos do Rio de Janeiro”, disse Lula, já solto

"Eu fiquei numa solitária, e durante 580 dias, eu me preparei espiritualmente. Eu me preparei pra não ter ódio, eu me preparei pra não ter sede de vingança... E eu duvido, duvido que o Moro durma com a consciência tranquila que eu durmo. Eu duvido que o tal do Dallagnol durma com a consciência tranquila que eu durmo. Aliás, eu duvido que o 'seo' Bolsonaro durma com a consciência tranquila que eu durmo. Eu duvido que o ministro demolidor de sonhos, destruidor de emprego, destruidor de empresas públicas brasileiras, chamado Guedes, durma com a consciência tranquila que eu durmo. Eu eu quero dizer pra eles, eu estou de volta".

O ministro da Economia Paulo Guedes está sob investigação por fraude desde 2018, devido a seu investimento e perda de centenas de milhões de dólares em fundos de pensão do estado.

Lula também pediu uma investigação adequada sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e esclareceu que “[Bolsonaro] foi eleito para governar para o povo brasileiro e não para governar para os milicianos do Rio de Janeiro".

O atual presidente Bolsonaro lembrou a seus apoiadores que Lula ainda não foi exonerado, exortando-os a não "munição ao canalha, que momentaneamente está livre, mas carregado de culpa".

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