O ano já começou com dificuldades legais para Castillo, que passou a ser investigado pelo Ministério Público em janeiro por tráfico de influência, mostrando que os problemas jurídicos do presidente não ficariam em 2021.
Para muitos, a incapacidade de Castillo de governar efetivamente nestes primeiros meses confirma suas dúvidas sobre o poder do ex-líder sindical de pôr fim à instabilidade que parece ter se instalado permanentemente na vida política dos peruanos.
Em outubro, com apenas três meses no governo, Castillo já enfrentava um processo de impeachment, orquestrado por um grupo de empresários com o objetivo de "tirar o comunismo" do governo. No mês seguinte, Fujimori anunciou que seu partido, Força Popular, apoiaria uma moção para remover Castillo do cargo.
Embora a iniciativa não tivesse muitos méritos legais, ajudou a desestabilizar o governo e trazer escândalos à tona. Durante as investigações sobre o impeachment, as autoridades encontraram US$ 20 mil escondidos em um banheiro do palácio presidencial em novembro. O secretário de Castillo, Bruno Pacheco, afirmou ser seu o dinheiro, mas argumentou se tratar de uma combinação de seu salário e poupanças. Apesar de negar qualquer crime, Pacheco renunciou ao cargo para proteger Castillo.
Da mesma forma, as investigações também se concentraram no caso Casa de Breña, uma propriedade em Lima onde Castillo supostamente se reunia com políticos e empresários sem registro público, o que poderia constituir uma violação das normas de transparência e levantou suspeitas de corrupção.
Em dezembro, o Congresso rejeitou a abertura de impeachment contra Castillo. Apesar de sobreviver à tentativa de destituição, Castillo continua incapaz de governar. A grande maioria dos peruanos também está insatisfeita. Uma pesquisa de 13 de fevereiro mostra que Castillo tem uma taxa de reprovação popular de 69%, um aumento de 9% em relação a janeiro. Apenas 25% dos entrevistados o apoiam.
Polarização ainda forte
A mesma pesquisa também mostra que, apesar de alta, a rejeição a Castillo se concentra principalmente em Lima e entre as camadas sociais mais altas do país. Entre o setor mais pobre da população, a aprovação do governo de Castillo chega a 40%, consideravelmente mais alta à média nacional de 25%. Desta forma, o governo de Castillo cimenta a antiga lacuna histórica entre o Peru urbano e o Peru rural e amazônico.
Comentários
Aceitamos comentários, por favor consulte ás orientações para comentários de openDemocracy