O caso de Arruda marca um nível de violência nunca antes visto na história política recente do Brasil, produzindo a pior polarização que o Brasil conhece desde sua redemocratização em 1985 — período marcado por disputas entre o PT e o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).
A diferença é que, naquela época, a rivalidade se mantinha dentro das linhas da Constituição. Agora, porém, ao incluir armas e discurso violento, o quadro é mais perigoso.
Antes do assassinato de Arruda chocar o país, a campanha do PT já havia passado por incidentes preocupantes.
Em 15 de junho, apoiadores de Lula foram surpreendidos por um drone que jogou urina e fezes durante ato em Uberlândia, em Minas Gerais. Apenas dois dias antes do assassinato de Arruda, um ato de Lula na Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, foi alvo de uma bomba caseira. Naquele dia, o ex-presidente apareceu pela primeira vez usando um colete à prova de balas.
Após o ataque, a Polícia Federal decidiu antecipar esquema de segurança, uma operação inédita que envolve entre 300 e 400 agentes de segurança.
Os candidatos são divididos em uma escala de 1 a 5 em nível de risco. Bolsonaro e Lula são os de maior risco e, portanto, os presidenciáveis com o maior número de agentes à disposição.
O presidente, porém, tem segurança garantida pelo Gabinete de Segurança Institucional. Lula, por outro lado, não tem esquema adicional, gerando maior preocupação por sua segurança.
A base desse clima violento faz parte da agenda do governo Bolsonaro. Desde antes de ser eleito, o presidente emprega uma retórica agressiva, mentirosa e intolerante, promovendo políticas de flexibilização das leis de armamento de civis.
O Brasil enfrenta vários perigos: o primeiro é que Lula seja vítima de um atentado. Segundo, Bolsonaro, com seus constantes ataques ao processo eleitoral, dá indícios de que pode dar um golpe, caso Lula vença resultado por parte de Bolsonaro. E terceiro, o discurso inflamado promovido pelo presidente podem motivar um cenário como o da invasão do Capitólio, nos EUA.
Se a distância entre os dois candidatos diminuir e as eleições forem para o segundo turno, a radicalização da direita deve aumentar ainda mais.
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