Em seu discurso para uma multidão vibrante na sessão plenária de encerramento do ATL, Lula anunciou a criação de seis novos territórios a serem oficialmente reconhecidos pelo Estado, totalizando cerca de 6.128,6 km2 de terra.
Muito trabalho pela frente
Para cada um dos líderes indígenas com quem o democraciaAbierta, uma coisa é clara: a mera existência do governo Lula é motivo de comemoração após o ataque total aos direitos territoriais das comunidades indígenas e seus órgãos autônomos durante o mandato de Bolsonaro.
O desmatamento na Amazônia aumentou quase 60% sob seu governo, juntamente com um aumento acentuado de invasões violentas em territórios indígenas e ataques violentos contra defensores da terra. Bolsonaro também havia prometido, durante sua campanha presidencial de 2018, "dar uma foiçada" na Funai, órgão encarregados de proteger os direitos indígenas e exercer a governança em suas terras.
Esses quatro anos representaram "um dos piores momentos da história de nossas comunidades", afirmou Witoto. Após esse período, disse ele, “muitos dos primeiros esforços do governo foram direcionados, compreensivelmente, para a emergência humanitária que os Yanomami está vivendo”. Um das primeiras ações de Lula e Guajajara após tomar posse foi fazer uma visita de emergência à TI Yanomami, em Roraima. Durante o governo Bolsonaro, milhares de garimpeiros invadiram a área, principal motivo por trás da crise.
Não está tão claro, porém, como Lula conseguirá equilibrar suas promessas de proteger esses territórios frente, sua estreita margem de governança e as pressões econômicas concorrentes, entre outras considerações. Também há dúvidas sobre como Guajajara e Marina Silva poderão cumprir de seus respectivos ministérios.
Embora tenha sido importante destacar o fim dos últimos quatro anos, disse Witoto, essas comemorações antecipadas não serviram para desviar a atenção da necessidade premente de valorizar essa virada histórica nas instituições nacionais brasileiras.
Witoto disse ao democraciaAbierta que os grupos indígenas continuam precisando de "respostas mais concretas" das instituições nacionais e que, apesar da mudança no governo central, suas comunidades continuam sofrendo ameaças em várias frentes.
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