Briceño também acusa o governo de manter interesses petroleiros na região. Arauca é um dos departamentos com maior atividade petrolífera do país, com mais de cinco blocos ativos, de acordo com a Agência Nacional de Hidrocarbonetos (ANH). Ali, como em outros territórios, o Estado colombiano defende interesses das empresas privadas, mas deixa a população civil à sua sorte.
Para Briceño e outros líderes sociais, a sangrenta disputa que eclodiu este mês é uma reedição daquela velha luta pelo controle do território. Arauca é um departamento que vive um dos conflitos mais profundos e antigos da Colômbia, em que guerrilheiros criaram raízes e praticamente governaram o departamento nos últimos 40 anos. Militarizar a área não é suficiente para resolver o conflito.
Briceño acredita que a solução está na implementação o Acordo de Paz, que contempla ações específicas sobre cultivos ilícitos e gestão de antigos territórios das FARC. No entanto, apenas 28% do acordo foi implementado em seus cinco anos, de acordo com o último relatório do Instituto Kroc.
Em 3 de janeiro, diante da incapacidade do governo e da violência dos grupos armados, a população de Arauca saiu às ruas em manifestação pacífica para pedir presença do Estado em seu território. Em resposta, a Ouvidoria e outras organizações de direitos humanos prometeram ir a Arauca executar censos e conversar com as comunidades que registraram as diferentes ameaças.
Segundo as comunidades locais, os confrontos continuam ocorrendo em todo o departamento de forma coordenada, principalmente nas áreas rurais de Tame, Saravena, Arauquita e Fortul. Também alegam que enquanto alguns dos 27 mortos confirmados foram vítimas de confrontos entre dissidentes das FARC e o ELN, outros foram assassinatos seletivos. Todos os corpos foram encontradas em áreas rurais, confirmando que camponeses são vítimas diretas dos confrontos em território colombiano.
Embora Duque tenha afirmado não haver mortes de civis, o promotor Francisco Barbosa relata que camponeses obrigados a deixar suas residências foram baleados à queima-roupa. Barbosa também confirmou haver quatro venezuelanos entre as vítimas.
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