O que essa sucessão de presidentes deixa claro é que o Peru sofre há mais de seis anos com dois males: líderes corruptos e governos instáveis que não duram o suficiente para implementar políticas que melhorem a situação social do país.
Isso se reflete na situação de Castillo, cuja aprovação caiu de 38% para 25%. A mesma pesquisa mostra que metade da população acredita que Castillo deveria renunciar e que três quartos querem novas eleições.
Panorama econômico
Apesar da crise social e política que atravessa, a economia do Peru segue entre as que mais crescem na região e as mais resilientes diante da pandemia de Covid 19. No entanto, o PIB do Peru registrou oito meses consecutivos de desaceleração, com o Banco Central prevendo um modesto crescimento de cerca de 3% em 2022.
Essa desaceleração econômica pode recair sobre o governo de Castillo, que vem tendo dificuldades diante de sua relação com o setor de mineração. Representando uma importante fatia do PIB, a exportação de metais é responsável por grande parte da economia do Peru. Com isso, analistas temem que, diante da inflação dos preços dos metais, as mãos de Castillo fiquem atadas.
Apesar de ter prometido durante sua campanha que faria novos acordos com as mineradoras para dar algum benefício às comunidades, os conflitos sociais vêm aumentando em todo o país, segundo um relatório da Ouvidoria.
Assim, o governo Castillo está contando com uma economia aparentemente estável, mas que pode quebrar a qualquer momento. Prova disso é que a margem fiscal do Estado não tem sido utilizada em reformas econômicas que corrijam as deficiências sofridas por grande parte da população, principalmente nas zonas rurais. Hoje, mais de dois em cada cinco trabalhadores no Peru recebem um salário inferior a US$ 250 (equivalente a um salário mínimo no Brasil), o que não é suficiente para cobrir as necessidades mínimas de uma família.
Dessa forma, Castillo, que prometeu acabar com a pobreza no país rico, pode enfrentar um antagonista maior do que o Congresso. Se o povo peruano se voltar contra o presidente, pode organizar manifestações populares capazes de tirá-lo do cargo, como já demonstrou em anos recentes.