Após seis meses de incerteza, os colombianos expressaram sua preferência nas urnas. Em 19 de junho, Gustavo Petro, economista, ex-guerrilheiro e ex-senador que concorreu pelo Pacto Histórico, derrotou o engenheiro Rodolfo Hernandéz com11,2 milhões de votos, 800 mil mais do que seu oponente. Assim, Petro venceu com 50,4% dos votos contra 47,2% de Hernández.
Dessa forma, a Colômbia elegeu o primeiro presidente de esquerda da sua história moderna e a primeira mulher negra vice-presidente, Francia Márquez. Em 7 de agosto, ambos assumirão seus cargos à frente de um país governado por líderes de direita há mais de 60 anos.
O segundo turno das eleições viu um aumento de mais de dois pontos em relação ao primeiro turno, realizado em 29 de maio. Mais de22,5 milhões de colombianos compareceram às urnas, a maior participação das últimas três décadas na Colômbia, onde o voto não é obrigatório.
Assim como no primeiro turno, Petro venceu na capital, no Caribe e no Pacífico, terra natal de Francia Márquez e das comunidades mais afetadas pelo conflito armado que assola a Colômbia desde a década de 60. Isso também explica por que teve um apoio esmagador de indígenas, afros e mulheres.
A vitória de Petro-Márquez marca uma mudança no foco político da Colômbia, que pela primeira vez terá a oportunidade de priorizar as políticas sociais. Ao longo de sua campanha, Petro e Márquez fizeram propostas ambiciosas que levantou dúvidas sobre sua viabilidade de execução em apenas quatro anos, especialmente devido à desigualdade econômica e social exacerbada pela pandemia.
Suas promessas incluem promover uma mudança no modelo econômico pautado na produção agrícola e na reforma agrária; implementar o Acordo de Paz; enfrentar a desigualdade nas zonas rurais; abordar as questões de propriedade da terra produtiva; aumentar a participação política das mulheres; criar um Sistema Nacional de Cuidado; proteger ecossistemas e recursos naturais (especialmente a água); combater as mudanças climáticas; implementar uma transição energética, uma reforma de segurança e uma reforma tributária; e acabar com o serviço militar obrigatório.
Além de implementar seu ambicioso plano de governo, Petro e Márquez terão de enfrentar a polarização na Colômbia. Quase metade da população colombiana votou em Hernández, um político autointitulado anti-establishment e outsider conhecido por sua agressividade e recusa de atender debates. Essa parcela da população continua a associar Petro a grupos guerrilheiros e a "ameaças comunistas".
Mudança histórica
O futuro do governo Petro pode ser uma incógnita, mas o que está claro é que sua vitória é histórica. Petro venceu em um país que sempre foi governado pela direita e onde a ideia de um ex-militante na Casa de Nariño era simplesmente inconcebível há apenas alguns anos.
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