O afastamento dos mercados globais da Rússia, maior exportador de fertilizantes, levou a uma disparada nos preços desses insumos. Os governos regionais enfrentam a situação de encontrar formas de garantir nutrientes para as lavouras, aumentando as preocupações sobre a aceleração da inflação alimentar.
De acordo com o índice norte-americano de fertilizantes da Green Markets, o preço dos fertilizantes subiu 16% em março, um recorde nos últimos 15 anos. O preço do nutriente mais utilizado, a uréia, subiu 22%.
Enquanto os preços de produtos básicos como milho e trigo sobem, a guerra em um dos celeiros do mundo ameaça levar milhões à fome. Diante da crise, os governos regionais estão tendo que apelar aos órgãos internacionais. Em reunião da Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO) das ONU, o Brasil, principal importador de fertilizantes do mundo, solicitou que os nutrientes agrícolas fossem excluídos das sanções impostas à Rússia.
O Brasil, superpotência agrícola e líder de exportações de soja, café e açúcar, depende de fertilizantes importados para produzir seus alimentos. Atualmente, importa 85% dos fertilizantes que usa, tendo a Rússia como seu principal fornecedor. Enquanto a guerra continuar, o país ficará exposto aos aumentos dos insumos e, consequentemente, dos preços dos alimentos, o que podem levar a repercussões populares, como no Peru.
O descontentamento no Peru e a escassez geral de produtos exportados pela Rússia e pela Ucrânia na região mostram que a guerra tem desdobramentos que vão muito além, afetando inclusive a segurança alimentar na América Latina. Esse cenário mostra que a América Latina precisa redobrar seus esforços para tornar-se menos dependente e vulnerável a possíveis guerras ou crises futuras.
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