Um barco no meio de um lago seco em Michoacán, no México
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Brian Overcast/Alamy Stock Photo
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Em uma região assolada pela pobreza, desigualdade, corrupção e desastres climáticos, ser o país responsável pelas maiores emissões de CO2 não é um elogio; mas esse é o México.
Apesar de não ser o maior ou mais rico país da América Latina, o México vem abrindo o caminho para a dependência de combustíveis fósseis nos últimos 20 anos.
Como em todas as nações da América Latina, o petróleo tem contribuído para o crescimento econômico do México, apesar da energia eólica e solar ter triplicado nos últimos cinco anos.
O governo anterior posicionou o México como um ator importante nas negociações climáticas; em 2012, tornou-se uma das primeiras nações a introduzir legislação sobre mudanças climáticas.
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No entanto, com a eleição do atual presidente, Andrés Manuel López Obrador, ou AMLO como é mais conhecido, em 2018, a situação se tornou preocupante.
Em fevereiro de 2021, AMLO introduziu na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei do Setor Elétrico, que propunha reverter a regulamentação atual, criada nas reformas energéticas de 2013, e paralisar o investimento privado em energia no país. A intenção era garantir sua soberania energética, uma preocupação antiga na política mexicana.
Mas o resultado foi a priorização das envelhecidas usinas movidas a combustíveis fósseis do próprio governo.
O projeto marcou um claro retrocesso no caminho em direção à energia limpa e reforçou a ideia de que AMLO tem uma“obsessão por combustíveis fósseis”. O governo mexicano, no entanto, disse que a pandemia causou uma queda na demanda por eletricidade e que, devido à natureza intermitente dos projetos de energia renovável, não poderia haver risco de oscilação no sistema elétrico.
Algumas projeções mostram que o país pode perder metade de suas fazendas viáveis na próxima década
Quando a lei estava sendo debatida, ambientalistas, ativistas do clima e acadêmicos argumentaram que, se aprovada, seria o equivalente ao México dar as costas ao Acordo de Paris. Também criou incentivos para aumentar significativamente sua dependência de combustíveis fósseis, como carvão e petróleo.
Apesar de todas as consequências negativas que poderia trazer, o projeto foi aprovado em março deste ano.
De fato, já no mês seguinte, AMLO anunciou com entusiasmo em uma cúpula do clima organizada por Joe Biden que o México havia descoberto três novos depósitos de hidrocarbonetos importantes.
Neste contexto, às vésperas da COP26, o México gera preocupação. Embora tenha assinado o Acordo de Paris em 2015, sediado a conferência do clima da ONU no ano seguinte e dito que delineará metas mais ambiciosas de redução de gases de efeito estufa, suas políticas e compromissos climáticos não são consistentes e levaram ao aumento, em vez de redução, das emissões.
Mas isso não surpreende. O México, que é o décimo país mais populoso e décimo primeiro maior emissor, não conseguiu cumprir a maioria das metas de gases de efeito estufa com que se comprometeu em 2015 como parte do Acordo de Paris.
Além disso, o governo AMLO anunciou que não tem planos de aumentar suas ambições de redução de carbono para 2030, o que é contrário aos requisitos do Acordo de Paris de que cada conjunto sucessivo de metas deve ser mais rígido do que o anterior.
Logo de uma COP25 sem avanços tangíveis, as expectativas para a nova reunião da ONU sobre mudanças climáticas são altas
As suas também são decisões que parecem ir contra a opinião pública mexicana: uma pesquisa de 2018 que entrevistou cidadãos em 26 países mostrou que 80% dos mexicanos consideram as mudanças climáticas uma grande ameaça, em comparação com uma média de 68% das pessoas nos demais países. Os resultados sugerem que o aquecimento global é mais preocupante no México do que em muitos países do Norte Global, incluindo o Reino Unido. Não é de admirar: o país já está mais quente, levando à escassez de água e prejudicando a agricultura. Algumas projeções mostram que o país pode perder metade de suas fazendas viáveis na próxima década.
Apesar de tudo isso, o governo decidiu favorecer os combustíveis fósseis em vez das energias renováveis, inclusive investimento renovado em carvão. As emissões per capita mexicanas são de 3,7 toneladas por ano, em comparação com 8,1 toneladas no Reino Unido e 17,6 nos EUA. Mas, à medida que direciona o foco para os combustíveis fósseis, o México está em um caminho contrário aos objetivos do Acordo de Paris, que visa manter o aumento da temperatura global abaixo de 1,5°C.
A dura realidade é que, se todos os países seguissem os passos do México, o aquecimento global ultrapassaria os 2°C, que marcariam o ponto de inflexão — triste situação para o país que, há cinco anos, se tornou o primeiro país do Sul Global a apresentar um plano de redução das emissões de carbono antes da COP21 em Paris.
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